Título: Mantega admite ampliação de incentivos
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2012, Economia, p. B6

Preocupado com os efeitos da crise externa sobre a economia brasileira, o governo sinalizou ontem com novas medidas para garantir neste ano crescimento acima dos 2,7% de 2011 e uma retomada do crédito no País.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que os problemas na Europa e nos Estados Unidos são hoje a maior fonte de preocupação e as altas do dólar e da inflação não devem levar o governo a rever sua política de estímulos econômicos.

Questionado sobre a possibilidade de mudanças nos compulsórios bancários ou redução de tributos, Mantega afirmou que não citaria medidas específicas, mas deu aval àquilo que tem vazado para a imprensa.

"Vocês mesmos falam na imprensa todo dia. Várias daquelas medidas podem ser tomadas e nós estaremos tomando", afirmou. "O Brasil tem muita política para fazer, tem muito lastro para fazer. Usando os instrumentos que nós temos, podemos assegurar que a economia vai crescer neste ano mais que no ano passado", afirmou.

Depois dos desentendimentos recentes com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Mantega disse que ainda há escassez de crédito e que as taxas de juros continuam elevadas, mas conta com a ajuda de alguns bancos para resolver isso.

"As taxas estão elevadas, mas eu vejo que há uma boa vontade de parte do setor financeiro para remediar essa situação, baixando as taxas e liberando mais crédito", afirmou. "Estamos em cima disso todo dia para ver se há essa reação."

Vilão. Sobre a inflação medida pelo IPCA, que passou de 0,21% em março para 0,64% em abril, Mantega afirmou que essa variação não é "nada preocupante", porque o indicador que serve de meta para o Banco Central vai continuar numa trajetória menor que a do ano passado.

O ministro atribuiu a alta a alguns produtos específicos, como o cigarro, "que foi o maior vilão da inflação", além do aumento do feijão e do custo de empregados domésticos. Ele também disse não ver problema na alta do dólar, pois está ajudando a indústria, ao contrário da crise externa, que restringe mercados e dificulta as exportações.

A moeda americana, que subiu 21,5% nos últimos 12 meses, fechou ontem em queda, a R$ 1,947. "O dólar vai beneficiar a indústria brasileira, portanto, não é motivo de preocupação." Mantega também não quis associar o comportamento da moeda à alta recente da inflação, ao afirmar que os preços subiram por causa de outros itens. Disse ainda que não há previsão de reajuste dos combustíveis, outro fator que teria impacto nos índices.

O ministro também disse que o presidente eleito na França, François Hollande, está com uma posição correta ao defender estímulos à economia. "Está agora sendo demonstrado que a estratégia de só fazer ajuste fiscal não funciona."