Título: Agrava-se o recuo do setor mais avançado da indústria
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2012, Economia, p. B2

Os resultados da produção industrial em março foram muito piores em Estados onde o setor manufatureiro é mais forte, como o Sudeste, segundo a Pesquisa Industrial Mensal - Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados ajudam a explicar o desconforto das autoridades com a falta de reação da indústria às medidas recentes destinadas à baixa dos juros e à alta do dólar, além de desonerações de impostos e de encargos previdenciários.

A preocupação suscita novas medidas, que estariam em estudo, como a redução dos tributos e encargos que incidem sobre as tarifas industriais de energia elétrica, como noticiou, sexta-feira, o jornal O Globo.

Entre os primeiros trimestres de 2011 e 2012, a produção industrial caiu 6,2%, em São Paulo; 6,8%, no Rio; 5,9%, em Santa Catarina; 2,4%, no Espírito Santo; e 1,4%, em Minas Gerais (no País, a queda foi de 3%). No Nordeste, ao contrário, houve alta de 4%, mas num Estado importante - a Bahia - o aumento de 8% na produção foi alavancado pelo avanço de 39% do setor químico, fato atípico, devido à base de comparação: houve apagões elétricos em 2011, interrompendo a produção em Camaçari.

A queda da produção foi generalizada no Sudeste, alcançando as indústrias extrativas e de metalurgia básica - esta caiu 45,1%, no Espírito Santo; e 10%, em Minas Gerais. "A atividade industrial no Sudeste está muito ruim, e isso é preocupante porque são esses Estados que conduzem a atividade no País", afirmou o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza.

Pelo critério de média móvel trimestral, o comportamento predominante é negativo desde maio do ano passado, segundo o IBGE.

E, numa comparação mais recente, entre fevereiro e março, a queda de 0,5% na indústria total foi puxada pelos Estados de Minas Gerais (-0,7%) e São Paulo (-0,3%), muito afetados pelo recuo da produção automobilística.

A perspectiva de recuperação, no segundo semestre, depende dos efeitos - normalmente retardados - de políticas como a de redução das taxas de juros e desvalorização do real, para tornar as exportações brasileiras mais competitivas.

Mas, se entre os efeitos negativos da política econômica estiver a aceleração da inflação, como já se notou nos últimos indicadores (IPCA, IGP-DI e IGP-M), relativos a abril e maio, o poder aquisitivo da população sofrerá um impacto desfavorável, pondo em risco a recuperação prevista.