Título: Posição de Obama em favor dos gays atrai poucos votos
Autor: Chrispim Marin, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2012, Internacional, p. A14

A posição favorável do presidente dos EUA, Barack Obama, à liberação do casamento entre pessoas do mesmo sexo é apoiada por 51% da população americana, mas ela não se traduzirá necessariamente em votos para sua reeleição em novembro.

Um pesquisa do USA Today e do instituto Gallup, divulgada ontem, mostra que apenas 13% dos consultados ficaram mais seguros de votar em Obama depois de sua declaração sobre o tema, na quarta-feira. No entanto, 60% dos entrevistados afirmaram que a questão não pesará na hora de escolher o próximo presidente dos EUA.

A consulta mostrou uma forte divisão na sociedade americana a respeito do assunto. Embora em menor proporção, 45% dos consultados desaprovaram a atitude de Obama e 26% disseram que agora estão menos propensos a votar para ele.

O presidente americano foi criticado esta semana pela oposição republicana por valer-se de um tema controverso para tentar desviar as atenções do eleitor a respeito da economia. Na pesquisa, 62% dos consultados avaliam que a economia americana piorou.

Mais fortes. Na noite de quinta-feira, em Los Angeles, Obama reforçou seu apoio ao casamento entre homossexuais durante um jantar oferecido pelo ator George Clooney. O evento alcançou o objetivo de arrecadar US$ 15 milhões para a campanha democrata. Obama explicou porque deixou de apoiar apenas a união civil entre homossexuais e deu um passo mais ambicioso e arriscado em um ano eleitoral. Segundo ele, essa uma "extensão lógica do que a América supõe ser".

"Somos um país que inclui todos, que dá chance a cada um e trata as pessoas de forma justa. Isso vai nos fazer mais fortes? Damos as boas vindas aos imigrantes? Damos as boas vindas a pessoas que não são como nós? Isso nos faz mais fortes? Eu acredito que sim. É o que está em jogo", afirmou.

O evento foi em uma tenda armada no jardim da casa de Clooney, em Hollywood. Entre os convidados estavam os atores Tobey Maguire (de Homem-Aranha), Robert Downey Jr. (de Chaplin e Sherlock Holmes) e Billy Cristal (de Harry e Sally). A cantora predileta da comunidade gay nos anos 70 e 80, Barbra Streisand, também estava presente, assim como a atriz Salma Hayek (de Frida).

Centenas de pessoas esperaram para ver a movimentação de Obama. Na propriedade em estilo Tudor, entretanto, nem todo o mundo tinha os bolsos cheios de dinheiro. Entre os convidados estavam Beth Topinka, professora de ciências de Nova Jersey, e Karem Blutcher, da Flórida. Ambas ganharam a rifa da campanha democrata para um jantar com Obama e Clooney.

Exceto elas, cada convidado teve de pagar US$ 40 mil pelo ingresso. "Nós levantamos um monte de dinheiro porque todos amam George. Eles gostam de mim, mas o amam", brincou Obama.

Eleitorado cativo. Os eleitores negros podem ser um dos mais fiéis a Obama, mas a maior parte deles diverge do presidente na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Um em cada dois negros votou a favor de lei na Carolina do Norte que define o casamento como uma união entre um homem e uma mulher.

Nas eleições de 2008, os negros foram fundamentais para a vitória de Obama no Estado. No passado, a Carolina do Norte era considerada republicana. Desde a vitória do presidente, passou a ser vista como um Estado indefinido, que pode ser vencido por qualquer um dos dois partidos.

Segundo pesquisa da ABC, 55% dos negros são contra o casamento de homossexuais. No entanto, esse número é bem mais elevado nos Estados onde a disputa será acirrada.

Analistas ressaltam, porém, que a posição de Obama não necessariamente será suficiente para espantar os eleitores negros que discordam dele na questão do casamento gay. / COLABOROU GUSTAVO CHACRA