Título: Bovespa cai 2,26% e passa a registrar perda em 2012
Autor: Canas, Cristina; Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2012, Economia, p. B6

Com tensão crescente no mundo, investidores se retraem; segundo analistas, perspectiva de curto prazo é negativa

A aversão ao risco em escala global fez o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) anular os ganhos acumulados em 2012. Com a queda de 2,26% ontem, o principal termômetro da bolsa brasileira passou a registrar perda de 0,91% no ano. Segundo analistas, as perspectivas para o mercado acionário são ruins no curto prazo.

Mais uma vez, a Grécia foi responsável pelo mau humor generalizado, após o presidente Karolos Papoulias afirmar que as negociações para tentar formar um governo de coalização fracassaram e novas eleições serão convocadas.

"Se houver a saída da Grécia (da zona do euro), não se sabe o que o país vai fazer para honrar os compromissos financeiros nem os efeitos na zona do euro", disse o diretor de renda variável da Queluz Asset Management, Maurício Pedrosa.

O diretor da Queluz acredita que a possível saída da Grécia da zona do euro pode reforçar a fragilidade da Espanha. "É preciso limitar os efeitos na Grécia e blindar outros países, não há dinheiro para ajudar todos. Tem de parar de gastar com Grécia e tentar blindar a Espanha, por exemplo, que tem empréstimo de baixa qualidade e pode ser a próxima a apresentar problemas", disse.

Maurício Pedrosa ressaltou ainda que, além das questões externas, existem variáveis domésticas que pressionam o mercado de renda variável, como os resultados de várias empresas, que vieram aquém do esperado, e também a questão da alta do dólar, que pressiona a inflação.

"A alta do dólar traz inflação e perda de renda. A questão é saber quando e qual será a magnitude (na inflação)", disse. "A matemática é muito ruim para o mercado. O investidor está desembarcando de ativos mais voláteis", ponderou.

Conforme observou Alexandre Marques, analista de investimentos da corretora Elite, a sinalização do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo se sente confortável com o dólar a R$ 2, deixou o mercado sem referência de qual nível seria considerado um limite para a disparada da moeda americana.

Para ele, é ainda pior. Não há definição sobre até onde a divisa pode chegar. "O que o mercado achava que era considerado um teto parece que hoje não é mais."