Título: Lucro da Petrobrás cai 16% no 1º trimestre
Autor: Ciarelli, Mônica; Valle, Sabrina; Torres, Sergio
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2012, Economia, p. B8

Recuo foi atribuído pelo diretor financeiro "a resultado melhor no ano passado"

O lucro líquido alcançado pela Petrobrás no primeiro trimestre, de R$ 9,214 bilhões, caiu 16% em relação ao mesmo período de 2011, indica o balanço financeiro e operacional dos três primeiros meses do ano divulgado ontem à noite pela petroleira.

No primeiro trimestre do ano passado, o lucro líquido foi de RS 10,985 bilhões O diretor financeiro e Relações com Investidores da Petrobrás, Almir Barbassa, creditou a queda "ao resultado financeiro melhor no ano passado", citando fatores como a variação cambial e os preços no mercado externo como importantes para o balanço negativo em relação ao trimestre inaugural de 2011. "Ficamos R$ 1,7 bilhão abaixo do resultado líquido do ano passado", lamentou ele.

Ao falar sobre a diminuição do lucro, o diretor financeiro anunciou que a Petrobrás não tem ainda, neste quinto mês do ano, condições de divulgar novas metas de produção de petróleo porque a eficiência do atual sistema de produção está em xeque.

Barbassa deixou evidente que a direção da empresa não está satisfeita com a eficiência das instalações e procedimentos em curso nas áreas de exploração. "Estamos reavaliando a eficiência dos nossos sistemas de produção. A maior parte da produção vem da Bacia de Campos (litoral do Estado do Rio), em que as instalações têm idade média já avançada. Produzimos em torno de 80% na Bacia de Campos. A eficiência operacional dessas unidades é muito importante para as quantidades produzidas", disse ele, para quem a Petrobrás tem de "retomar a eficiência que nós já tivemos".

Equívocos. O dirigente acrescentou que nem sempre a queda da produção, no caso da Bacia de Campos, decorre do esgotamento dos campos antigos, consequência natural da exploração de jazidas, mas de ações equivocadas que precisam ser revistas. "A eficiência operacional é importante para se fixar as metas de produção", disse.

Presente à apresentação do balanço, o diretor de Exploração e Produção, José Formigli, revelou que a Petrobrás, na tentativa de reverter esse quadro, examina "um a um" os poços, sistemas submarinos e plataformas, especialmente em Campos. "Como qualquer empresa de petróleo, trabalhamos na busca de evitar o declínio da produção (por causas naturais). Não é esse o problema hoje na Bacia de Campos", afirmou Formigli.

Barbassa falou que os efeitos negativos observados no quarto trimestre de 2011 não se repetiram com a mesma intensidade no primeiro trimestre deste ano. Entre eles, as depreciações de períodos anteriores e os custos exploratórios.

A Petrobrás tem hoje R$ 76,5 bilhões em dívidas expostas à variação cambial, revelou ele, que preferiu não comentar o impacto que a recente disparada do dólar terá no balanço da companhia no segundo trimestre. De janeiro a março, a estatal emitiu US$ 7,2 bilhões em bônus de 30 anos, a maior já feita por uma empresa de país emergente.

A receita líquida no trimestre alcançou R$ 66,134 bilhões, crescimento de 22% na comparação com o mesmo trimestre de 2011. O diretor financeiro revelou que efeito total do câmbio no resultado da companhia no primeiro trimestre foi positivo em R$ 465 milhões.

O volume de vendas (derivados, gás natural, álcoois e nitrogenados) no mercado interno atingiu 2,571 milhões de barris diários no primeiro trimestre - 10% de crescimento em relação ao mesmo período de 2011 e menos 2% na comparação com o último trimestre do ano passado.