Título: Alta do dólar já deixa mais caros os pacotes de viagens internacionais
Autor: Passarelli, Hugo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2012, Economia, p. B9

O dólar mais caro ainda não afugenta os brasileiros que planejam aproveitar a temporada de férias no exterior, mas já encarece os pacotes fechados em moeda americana e pode pesar no orçamento. Um pacote para a Disney, por exemplo, parte de US$ 1.977 na agência Marsans. Em 31 de janeiro, com o dólar turismo a R$ 1,85, o valor em reais era de R$ 3.657. Sexta-feira, com a cotação a R$ 2,03, o valor cresceu cerca de 10%, para R$ 4013. Parcelado em dez vezes, são R$ 40 a mais por mês. Em uma família com mãe, pai e dois filhos, por exemplo, o aumento é multiplicado por quatro (R$ 1.600 a mais na conta). Por isso, a recomendação é sempre planejar os passeios ao máximo para minimizar os efeitos da oscilação da moeda. “O maior problema é se o viajante não tem, no ato do fechamento do pacote, o valor que pretende gastar lá fora. Mas, se tiver, ele já compra o dólar com a cotação do dia e se protege da variação”, afirma Leonel Rossi, vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileiras das Agências de Viagens (ABAV). Para quem não tiver o valor pretendido, a melhor opção é comprar a divisa aos poucos, de acordo com as possibilidades, para aproveitar os momentos de queda. Os especialistas do setor concordam que há um efeito psicológico das oscilações da moeda nas intenções de consumo, principalmente quando a barreira do dólar a R$ 2 é ultrapassada e se consolida.

“É natural que aqueles que estão fazendo alguma pesquisa possam se desanimar porque percebem que pode aumentar o custo da viagem”, diz Jaime Abraços, diretor comercial da Marsans. Entre aqueles com pacote já fechado, afirma, o que pode ocorrer é um “atraso” na compra de dólar. “Pela experiência que temos, (a alta do dólar) afeta num primeiro momento as pessoas que estavam se preparando para viajar, mas elas esperam alguns dias para ver se haverá nova queda e aí compram.” Felipe Pellegrini, gerente da mesa de operações do Banco Confidence, indica o uso do cartão pré-pago como maneira mais segura e cômoda para levar o dinheiro em viagens internacionais. “Recomendamos que o cliente leve pouco dinheiro em espécie, somente para as primeiras despesas, um café ou táxi até o hotel e depois que ele use o cartão.” Além disso, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) do cartão pré-pago é consideravelmente mais baixo que o do cartão de crédito comum: 0,38% contra 6,38%. Segundo Rossi, da Abav, não é a moeda, mas o preço das passagens aéreas, principalmente para os EUA, que costuma preocupar mais os consumidores na hora de planejar os destinos.

Nova tendência

R$ 1,952foi a cotação de fechamento do dólar comercial na sexta-feira. Em 2012, a moeda americana já acumula valorização de 4,4% ante o real. Nos últimos 12 meses, a alta já beira 20%