Título: BCE já não negocia com alguns bancos gregos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2012, Economia, p. B10

O Banco Central Europeu (BCE) confirmou que interrompeu negociações com alguns bancos gregos nas suas operações regulares de política monetária, até que essas instituições tenham sido adequadamente recapitalizadas.

A ação confirmada ontem não significa que esses bancos estão excluídos completamente dos financiamentos de bancos centrais, mas agora eles só podem acessar os recursos mais caros da Assistência Emergencial de Crédito (ELA, na sigla em inglês), que o Banco da Grécia emite por sua própria conta e risco, com permissão do BCE.

A decisão também sugere que o BCE está aumentando a pressão sobre as autoridades gregas para o prosseguimento da recapitalização do sistema bancário local, que foi fortemente impacto pela reestruturação da dívida do governo grego, concluída em março.

"Enquanto se aguarda a recapitalização dos bancos gregos que estão severamente subcapitalizados como resultado da recente participação do setor privado na reestruturação da dívida grega, alguns dos bancos gregos foram transferidos para a Assistência Emergencial de Crédito", diz o comunicado do BCE.

Segundo a autoridade monetária europeia, quando essa recapitalização for concluída, os bancos poderão voltar a utilizas as operações regulares do BCE. O tratado do BCE só permite que ele empreste para "contrapartes solventes, em troca de contrapartidas adequadas".

No geral, a tomada de empréstimos de bancos centrais por bancos gregos subiu de 110 bilhões em julho do ano passado para 127 bilhões em janeiro deste ano. Mas a participação da ELA nesse total subiu de 15 bilhões para 54 bilhões.

Saída cara. O Fundo Monetário Internacional (FMI) realizou uma avaliação técnica sobre a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro e concluiu que tal desdobramento seria "extremamente caro". A afirmação foi feita ontem pela diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em entrevista concedida a uma emissora holandesa de televisão.

Ela manifestou a expectativa em que o próximo governo grego se comprometa com o programa de resgate financeiro do país e disse que "o cenário ideal seria a Grécia encontrar uma solução política por meio da qual respeite os acordos vigentes, cumpra suas obrigações e permaneça na zona do euro".

Lagarde enfatizou que não deseja uma saída da Grécia da zona do euro. "Temos de nos preparar para o pior e para o melhor. Nós certamente estamos esperando o melhor", disse ela. / DOW JONES NEWSWIRES