Título: Petrobras diz que agora quer metas realistas
Autor: Ciarelli, Mônica
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2012, Economia, p. B9

O primeiro plano de negócios da Petrobrás sob o comando da presidente Maria das Graças Foster será conhecido em agosto. A intenção é anunciar em conjunto as novas metas de produção de petróleo e gás da companhia.

Em teleconferência ontem com analistas, o diretor de Exploração e Produção da estatal, José Formigli, ressaltou que a companhia quer trabalhar com "metas o mais realista possível". No evento, a direção da Petrobrás informou que promove uma revisão da eficiência de seu atual sistema de produção. Um dos principais alvos do estudo é a Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Responsável por 80% do petróleo extraído pela companhia, a região opera com unidades com idade média mais avançada. "Estamos reavaliando nossos ativos", disse o diretor financeiro e de Relações com Investidores da estatal, Almir Barbassa.

Além disso, o executivo lembra que a companhia aguarda ainda a retomada da produção Campo de Frade para ter uma visão mais clara sobre as metas desse ano. A Petrobrás tem 30% de participação na área, explorada pela Chevron. A produção em Frade está suspensa desde o início do ano, quando um novo vazamento de óleo foi identificado na região.

Formigli calcula que com a interrupção no Campo de Frade, a estatal perca diariamente, o equivalente a 80 mil barris de petróleo. Na teleconferência, o diretor deixou claro que não há muito que a Petrobrás possa fazer para reverter o problema no campo. "Estamos aguardando o fim das discussões entre a Chevron e a Agência Nacional de Petróleo", disse Formigli, acrescentando acreditar que ainda este ano a produção poderá ser retomada.

Questionado sobre as atividades no pré-sal, o diretor de Exploração e Produção revelou que a expectativa da estatal é encerrar 2012 com 20 equipamentos de perfuração na área. Existem hoje 13 sondas de perfuração operando no polo do pré-sal da Bacia de Campos. A empresa informou ainda que o projeto piloto de Lula, na Bacia de Santos, atingiu no primeiro trimestre uma produção de 94 mil barris de petróleo por dia.

Preços. Em conversa com analistas estrangeiros, Barbassa, defendeu a manutenção da atual política de reajustes da companhia, que se baseia no acompanhamento de longo prazo.

"A política da Petrobrás é manter os preços locais estáveis, sem acompanhar a volatilidade dos preços no mercado externo. Não repassamos essa volatilidade. É uma política adotada pela companhia", afirmou ele, que destacou o fato de o preço do petróleo ter caído nos últimos dias, o que reforça a decisão da Petrobrás e do governo em não mexer nos valores dos combustíveis./ COLABOROU SERGIO TORRES