Título: G-8 se reúne com a Europa no centro da pauta
Autor: Chrispim Marin, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2012, Economia, p. B15

Os Estados Unidos lideram hoje um esforço para convencer a Alemanha a aliviar sua receita de austeridade fiscal para a Grécia e outros membros da zona do euro e, dessa forma, evitar os estragos de uma nova recessão na Europa e no projeto do presidente Barack Obama de se reeleger.

A oportunidade será o encontro de chefes de Estado do G-8, grupo que os EUA igualmente pretendem resgatar do ostracismo em que caiu desde a crise de 2008.

A reunião marcada em Camp David, casa de campo da presidência americana em Maryland, se dará em um momento de forte estresse na Europa. Sem condições políticas de montar um governo de coalizão nacional, a Grécia caminha para o colapso econômico e o abandono da união monetária. Se efetivada, será a primeira baixa entre os membros da zona do euro.

A reunião do G-8 (Estados Unidos, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália, Japão, Canadá e Rússia) será precedida pela visita a Obama do novo presidente da França, François Hollande.

As discussões do G-8 esbarram na perda de relevância do grupo desde a ascensão do G-20, que combina as economias mais industrializadas e emergentes.

Bruce Jones, diretor do Centro de Cooperação Internacional da Universidade de Nova York e analista sênior do Brookings Institution, chama a atenção para a ausência da China e de outras vozes importantes, entre as quais a do Brasil, nesse fórum. Mas o vice-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca e assistente de Obama para assuntos econômicos, Michael Fromer contesta o "obituário do G8". "Os boatos sobre a morte do G-8 foram exagerados", insistiu Fromer. "Esse fórum oferece uma real oportunidade de partilhar perspectivas e definir como os países podem agir juntos. A intimidade e a informalidade em Camp David vão ajudar."

O encontro de Camp David seguirá a agenda definida em L'Aquila, Itália, em 2009, com foco em segurança alimentar e energia. Assim como aconteceu nos últimos dois anos, Obama não convidou o chamado G-5, grupo formado pelos emergentes China, Brasil, Índia, México e África do Sul. Preferiu a presença de quatro líderes africanos.