Título: Direto de Brasília
Autor: Bosco Rabello, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2012, Nacional, p. A8

Votado duas vezes na Câmara e uma no Senado, o Código Florestal aprovado quarta-feira em sua versão final, encerra um raro episódio de reafirmação da vontade de uma ampla maioria congressual suprapartidária, refratária a todas as pressões para revisão de suas posições. Senão inédito, registra um momento singular, especialmente se considerada a amplitude de uma base aliada mais das vezes submissa ao governo. Tal cenário responde pela cautela e “sangue-frio” que orientarão a pre-sidente Dilma Rousseff ao avaliar a pressão da minoria vencida, pelo veto integral ao projeto, segundo o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Na verdade, a circunstância descrita acima deveria levar a reflexão mais apurada sobre a conveniência até de vetos parciais que possam significar mudança de mérito naquilo que mereceu tão ampla e reiterada aprovação parlamentar. Aos ambientalistas veto parcial não satisfaz, conforme afirma a ex-ministra Marina Silva. Por isso, antes da votação definitiva, com a antevisão da derrota, iniciaram uma campanha, de irrecusável leitura autoritária, para obter, pelo constrangimento, o veto presidencial.

Marina Silva reflete o ranço autoritário de correntes ambientalistas que jamais quiseram acordo, mas a imposição de suas ideias. O discurso ambientalista segue a clássica frase de Carlos Lacerda ao combater a candidatura de Juscelino: “Ele não será candidato; se for, não vencerá as eleições; se vencer, não tomará posse; se tomar posse não governará”. Não obstante, Juscelino foi candidato vitorioso e cumpriu o mandato.

“O problema é da empresa” Miriam Belchior, ministra do Planejamento Sobre riscos da quebra da Delta para as obras do PAC

Cachoeira tinha escolta da PM

Antes de ser preso na Operação Monte Carlo, Carlos Cachoeira ser-via-se de agentes da polícia militar para sua segurança pessoal. Num dos grampos da Polícia Federal, ele avisa que vai passar a noite “na casa do Adão” em Anápolis (GO) e pede a Ananias, um ex-policial com in-fluência na PM goiana, um reforço de segurança. Cerca de 40 minutos depois, Ananias avisa a ele que a viatura já está lá, na porta da resi-dência. Noutro áudio, um integran-te da quadrilha reclama que tem apenas R$ 1,6 mil para dividir entre 20 policiais. “Eu ando fazendo mila-gre, vão pegar aqui 40 conto pra cada”, lamenta.

Carta na manga

O líder da maioria no Senado, Re-nan Calheiros (PMDB-AL), adiou a indicação dos quatro suplentes do bloco do PMDB na CPI. A estratégia é indicar a si próprio ou um nome de sua confiança, como R omero Jucá (RR), para votações estratégicas ou depoimentos decisivos. O lí-der pode substituir integrantes da comissão a qualquer momento.

O efeito Pagot

Dificilmente o governo conseguirá impedir a convocação do ex-diretor do Dnit Luiz Antônio Pagot – que se desfiliou do PR – para depor na CPI. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) já apresentou requerimento nesse sentido. O governo teme a verborragia de Pagot, que já deu entrevistas acusando assessores do Planalto de tramarem sua saída do cargo. Ele alega que enquanto esteve no comando do órgão, manteve a Delta afastada das obras do governo.

Entrementes...

Em clima de CPI, a ministra Ideli Salvatti deve depor dia 9 na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, que aprovou sua convocação para explicar a compra de lanchas-patrulha pelo Ministério da Pesca por empresa que doou R$ 150 mil à sua campanha em Santa Catarina

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