Título: Economistas veem risco de 'consenso forçado'
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2012, Economia, p. B6

Economistas de bancos e consultorias consideram positiva a decisão do Banco Central de explicitar os votos de seus diretores no Comitê de Política Monetária (Copom), mas se dividem quanto aos seus efeitos práticos da mudança.

"Para mim, vai ajudar a entender o que se passa lá dentro", disse o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. "Acho que não altera a dinâmica das decisões", opinou Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências.

Para Sérgio Vale, da MB Associados, a mudança é boa, mas foi feita pela metade. "Poderia ter aproveitado e colocado mandato fixo de fato para a diretoria, especialmente num momento em que a credibilidade do BC tem sido sistematicamente testada", comentou. "Parece-me duvidoso dar transparência sem efetiva proteção a quem tomou aquela decisão."

De acordo com Gonçalves, alguns países, como os Estados Unidos e a Inglaterra, divulgam o voto de seus diretores. "Lendo a ata do Fomc (Federal Open Market Committee, o equivalente ao Copom nos EUA) eu consigo entender qual é a briga lá dentro, porque tem o argumento, o confronto", disse. "Acho que no Brasil a ata do Copom vai ganhar qualidade, porque se houver problemas isso vai ficar claro na ata", ressalta.

O economista reconhece, porém, que a decisão de abrir os votos do Banco Central no que se refere à taxa de juros básica da economia pode ser lida de outra forma pelos integrantes do Copom. "Tem gente que acha ruim porque, como os diretores não têm mandato, quem tiver um voto divergente fica exposto", comentou. "Em tese, isso faz sentido, como também faz sentido mostrar que o diretor fica exposto, mas não é demitido."

Consenso forçado. Outra possível repercussão negativa da decisão é o risco de os diretores do BC fazerem um esforço extra para chegar a um acordo e assim não levar a público eventuais discordâncias que possam existir. "Eu acho que existe esse risco", afirmou Alessandra, da Tendências.

Sérgio Vale, da MB, vai na mesma direção. "Se a própria escolha da diretoria (do Banco Central) já foi questionada, por não ter ninguém de mercado, abrir o voto simplesmente não garante nada (no sentido de reforçar a autonomia)", disse. "Pelo contrário, pode haver receio depois sobre a tomada de decisão que foi feita, num governo em que há muito personalismo."

Por outro lado, observa Gonçalves, do Banco Fator, o consenso não deve ser visto como algo necessariamente forjado pelo fato de os votos passarem a ser abertos. "No Banco Central do Japão eles não divulgam os votos e a maior parte das decisões é por consenso", ponderou.

Para ele, os reparos à abertura dos votos têm um componente ideológico. "O Copom tem tido uma independência em relação à opinião do mercado que desagrada a muita gente", aponta o economista. "Como ele frustra as nossas expectativas, recebe muitas críticas, mas para mim o importante é que a qualidade da ata vai melhorar."

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