Título: PSB acerta com Lula apoio a Haddad em SP
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2012, Nacional, p. A10

Sob o argumento de que a eleição em São Paulo é a antessala da disputa nacional com os tucanos, em 2014, o PSB vai apoiar o candidato do PT à Prefeitura, Fernando Haddad. Acertada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a parceria com os socialistas só não foi anunciada ainda porque a cúpula do PSB quer primeiro apaziguar sua seção paulista, que tem cargos no g overno de Geraldo Alckmin (PSDB). Aliado da presidente Dilma Rousseff, o PSB é o primeiro partido a aderir à candidatura de Haddad – que patina com 3% das intenções de voto – e o mais cotado, até agora, para ocupar a vaga de vice na chapa.

Lula articulou a dobradinha para criar um fato político antes do encontro municipal do PT, que oficializará o nome de Haddad, no dia 2 de junho. Embora o apoio dos socialistas já esteja fechado, o Palácio dos Bandeirantes e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), pressionam fortemente o PSB para que recue da decisão e integre a campanha do candidato do PSDB, José Serra. “É por isso que, antes do anúncio, precisamos acertar questões internas. Não podemos arrebentar o partido em São Paulo”, disse um dos dirigentes do PSB, sob a condição de anonimato.

Erundina. Em conversas reservadas, o ex-ministro da Educação afirmou que vê com bons olhos a ideia de ter a deputada e ex-prefeita da capital paulista Luiza Erundina (PSB-SP) como vice, mesmo porque ela atrai o voto da periferia. Há, porém, resistências ao nome de Erundina tanto no PT, partido que ela já integrou, como nas fileiras do PSB. Outro nome que chegou a ser lembrado foi o do reitor da Uninove, Eduardo Storópoli. Lula selou a aliança com o PSB depois de vários encontros com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que é presidente nacional do partido. Agora, porém, ele está na fase de resolver problemas para montar os palanques municipais. Ontem, por exemplo, o ex-presidente recebeu, em São Paulo, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que trava uma queda de braço com a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), pela indicação do candidato para disputar a eleição de outubro. É em São Paulo, no entanto, que Lula concentra sua maior energia para tirar a campanha de Haddad do isolamento.

A meta do ex-presidente é ambiciosa: na sua avaliação, a conquista da capital paulista é o primeiro passo para “desbancar” o PSDB do governo do Estado, em 2014, e impedir que o partido retome a Presidência da República. Lula não tem dúvida de que Serra fará de tudo para concorrer ao Palácio do Planalto. O PT vai apoiar a candidatura à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, que é do PSB, mas aborreceu os socia- listas ao não avalizar a campanha de Luciano Ducci (PSB) a um segundo mandato em Curitiba. Sem esconder a i ronia, diri- gentes do PSB dizem que o PT fechou acordo com Gustavo Fruet (PDT) para a Prefeitura de Curitiba “por gratidão”. Não sem motivo: em 2005, o então deputado Fruet integrou a CPI dos Correios e, à época no PSDB, foi um dos que mais atacaram Lula e o PT no rastro do escândalo do mensalão. O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), afirmou ontem que o PR e o PC do B também acabarão apoiando Haddad. “É um homem de muita fé”, devolveu o deputado Lincoln Portela (MG), líder do PR, fazendo mistério. Dirigentes dos dois partidos têm novas conversas marcadas com petistas nesta semana.

Sem expectativa Após a senadora Marta Suplicy cobrar do PT mais do que uma cara nova na disputa eleitoral, os petistas reduziram as expectativas de tê-la na campanha de Fernando Haddad.