Título: Mortes em Fukushima não foram por radiação, diz ONU
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2012, Internacional, p. A19

Um relatório da ONU informou ontem que os seis trabalhadores da Tepco, empresa que administra a usina nuclear japonesa de Fukushima, que morreram desde o grave acidente nuclear ocorrido em março de 2011, não perderam a vida em consequência da radiação recebida.

O estudo - do Comitê Científico da ONU sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR, na sigla em inglês) - explica que graças às medições de elementos radioativos no ar, solo, água e alimentos, foi possível analisar as doses recebidas por adultos e crianças em diferentes partes do Japão. Segundo o relatório, apesar da elevada exposição à radiação sofrida por alguns dos trabalhadores da Tepco em Fukushima, "não foram registrados efeitos clinicamente observáveis".

Os dados do UNSCEAR apontam que um total de 20.115 trabalhadores esteve exposto a radiações na usina de Fukushima. Deste número, apenas 8 receberam elevadas doses de radiação.

O presidente do comitê, Wolfgang Weiss, considerou como "confiáveis" estes números e ressaltou que as maiores concentrações de radiação foram registradas nos primeiros dias após o acidente, quando um número muito reduzido de trabalhadores estava na usina.

Por outro lado, Weiss destacou as medidas de contenção promovidas pelas autoridades japonesas - entre elas as retiradas em grande escala e o corte de provisão de leite para crianças. Segundo ele, graças a essas medidas, a exposição radiológica da população local foi "muito moderada".

No entanto, o presidente do comitê fez questão de lembrar o tempo todo o caráter preliminar dos dados apresentados e o fato de que a análise dos efeitos de Fukushima é um projeto de longo prazo - dentro de um ano o UNSCEAR deve apresentar um relatório mais detalhado sobre o caso.

O acidente de Fukushima foi provocado pelo terremoto, seguido de tsunami, registrado no nordeste do Japão em 11 de março de 2011. A tragédia, uma das maiores da história do país, deixou mais de 13 mil mortos e 16 mil desaparecidos. / EFE e REUTERS