Título: Queda nos juros e redução de spreads de bancos já elevam oferta de crédito, diz BC
Autor: Leopoldo, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2012, Economia, p. B1

A liberação de crédito começou a melhorar após o impulso dado pela queda dos juros, segundo o Banco Central. De acordo com dados do BC, a concessão de empréstimos subiu, na média diária, 8,1% para as pessoas físicas e 4,6% para as empresas em abril em relação a março. Os dados de crédito livre – o dinheiro que os bancos emprestam sem seguir destinações específicas estipuladas pelo governo – foram divulgados ontem pelo diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, e devem ser detalhados amanhã pelo BC. Segundo Araújo, a melhora no crédito é reflexo da redução das taxas de juros e dos spreads – diferença entre a taxa que os bancos pagam na captação do dinheiro e a que cobram nos empréstimos dos clientes – dos bancos. Araújo disse que os juros para pessoas físicas caíram 2,3 pontos porcentuais em abril em comparação a março e recuaram 1,4 ponto porcentual para empresas. As taxas para o crédito livre em geral baixaram 2 pontos porcentuais.

Quanto ao spread, ele apontou que de março para abril houve retração de 0,9 ponto porcentual para pessoas jurídicas, recuo de 1,9 ponto porcentual para pessoas físicas e queda de 1,5 ponto porcentual no geral. “A redução das taxas sem dúvida é um fator levado em consideração pelos agentes econômicos, como as famílias, porque o mercado de crédito está mo trando uma reação mais forte”, disse Araújo. “Como o mercado de trabalho está robusto e há expansão da renda, com redução dos juros, es- ses são elementos para sustentação da demanda de crédito”, afirmou. “Os movimentos de Caixa, Banco do Brasil e de outras instituições estão se refletindo na queda dos juros.” Araújo afirmou que o Banco Central trabalha com a expectativa de queda da inadimplência ao longo deste ano. Segundo ele, a economia brasileira apresenta condições favoráveis que vão colaborar para essa redução, especialmente a situação positiva do mercado de trabalho, inflação sob controle e convergindo à meta neste ano e melhor distribuição de renda, com expansão do PIB ao longo dos anos.

Bradesco. Para o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, o desempenho do crédito deve melhorar no segundo trimestre, após as reduções de juros dos bancos públicos e privados e do fraco volume de empréstimos nos primeiro trimestre. Segundo ele, o Bradesco já promoveu dois cortes de juros em várias linhas de empréstimos para pessoas físicas e empresas des- de abril e as taxas estão em nível adequado. Por enquanto, não devem ser feitas novas reduções. Sobre as estimativas de crescimento do crédito, o presidente do Bradesco diz que o banco vai esperar os dados do mês de maio para reavaliar suas projeções para 2012. / COLABORARAM ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E LILIAN CUNHA