Título: Serra e Haddad divergem sobre transportes
Autor: Duailib, iJulia; Gallo, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/05/2012, Nacional, p. A9

Os pré-candidatos Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) apresentaram ontem visões distintas sobre as soluções para os problemas do trânsito na cidade de São Paulo. Enquanto Haddad sustentou a necessidade de multiplicação dos corredores de ônibus, e afirmou planejar a construção de um deles na Avenida 23 de Maio, Serra defendeu o investimento em obras viárias e em transportes sobre trilhos. Provocado a citar três vias onde pretende instalar parte dos 200 quilômetros de corredores que planeja construir, Haddad elencou as Avenidas 23 de Maio, Brasil e Celso Garcia. “Algumas dependem de duplicação de vias”, ponderou, após seminário promovido pelo PT na Assembleia Legislativa sobre mobilidade urbana. Mas, sobre a 23 de Maio, comentou: “Ela passa do aeroporto praticamente sem semáforos. Só lá em cima (após Congonhas) talvez você tenha que fazer algum tipo de arranjo para (o corredor ) chegar até Interlagos”.

Serra, por sua vez, rechaçou os investimentos em ônibus. Em evento realizado no Insper, o tucano discordou do economista norte-americano Edward Glasser, autor do livro O Triunfo das Cidades e defensor dos investimentos em coletivos como forma de melhorar o trânsito das grandes cidades. “Discordo ( do economista ) porque mais linhas de ônibus vão engarrafar ainda mais o trânsito caótico da cidade.” O tucano defendeu obras viárias como o Rodoanel, e a ampliação das linhas de metrô e de trens urbanos em São Paulo, citando o exemplo dos monotrilhos que passam por Cidade Tiradentes, na zona leste e Jabaquara, região sul da capital paulista. Ele prometeu que a prefeitura participará financeiramente dos investimentos no metrô, caso venha a ser eleito.

Metrô. Fernando Haddad também afirmou que colocará verba municipal no metrô, mas condicionou o investimento à apresentação de um cronograma, para evitar atrasos. “A parceria tem que ser continuada, mas sempre com plano de metas anexo. Não podemos simplesmente trocar o dinheiro de conta sem vir acompanhado de um cronograma de entrega de licitações e obras.” O pré-candidato petista sustentou que o metrô não estaria superlotado se o plano de construção de 200 quilômetros de novos corredores, elaborado na gestão Marta Suplicy, tivesse sido executado. “Se tivéssemos 300 quilômetros de corredores de ônibus na cidade hoje, o metrô não estaria sobrecarregado como está.” O tema dos corredores é sensível sobretudo na classe média de São Paulo desde que os túneis feitos no corredor da Avenida Rebouças desabaram durante a gestão Marta Suplicy (2001-2004).