Título: Maioria prevê corte de 0,5 ponto no juro
Autor: Abarca, Denise; Leonel, Flavio
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/05/2012, Economia, p. B5

Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) após a decisão do Banco Central de passar a divulgar nominalmente os votos dos diretores, a maioria dos analistas do mercado financeiro ouvidos pela 'Agência Estado' espera um corte de 0,5 ponto da taxa Selic, atualmente em 9%. Em comum, esses profissionais avaliam que a abertura dos votos não deve influenciar o placar da votação do encontro de hoje e amanhã.

Pesquisa do AE Projeções revela que, das 80 instituições consultadas, 67 preveem corte de 0,5 ponto porcentual na Selic, 12 aguardam queda de 0,75 ponto porcentual e uma espera redução de 0,25 ponto porcentual. No dia 16, o Copom anunciou que, a partir da reunião de maio, cada voto passará a ser conhecido nominalmente já no comunicado distribuído após a decisão.

Com previsão de queda da Selic de 0,75 ponto porcentual, a economista-chefe do Bank of New York Mellon ARX Investimentos, Solange Srour, acredita que a decisão "vai ser unânime". "O Banco Central não ficará refém do mercado", afirmou a economista, referindo-se ao fato de que a maioria dos economistas aguarda um corte menor, de 0,5 ponto. De acordo com Solange, a expectativa para o placar nada tem a ver com a decisão do Copom de abrir seus votos.

"Será unânime porque realmente os fundamentos respaldam a opção do 0,75 ponto", disse Solange, para quem "o cenário ainda é muito benigno para a inflação".

O economista-chefe do Besi Brasil, Jankiel Santos, afirmou ao AE Projeções que também aguarda um placar homogêneo, mas em torno da decisão de um corte de 0,50 ponto, que é sua projeção para a reunião.

"No último encontro, já houve a demonstração de consenso. Acredito que só teríamos divisão no placar se os diretores optassem pela manutenção do passo, com a redução de 0,75 ponto."

Jankiel Santos mantém a avaliação de que é pouco provável que a exposição do voto dos diretores do BC possa interferir no placar de votação do Copom. Para ele, são mínimas as possibilidades de um membro do comitê se sentir intimidado por externar seu posicionamento.

Com aposta de que a Selic será reduzida a 8,5%, Philip Alexander Semple, economista da Telefônica/Vivo, considera maior a possibilidade de fragmentação no placar. "As dúvidas do mercado podem estar também entre os membros do Copom", disse, em entrevista via AE Chat.

Perguntado se a abertura dos votos pode pesar a favor de um consenso, afirmou: "Acredito que não deveria influenciar".

Também maior probabilidade de um dissenso na votação vê o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, para quem a taxa básica cairá para 8,25% já na próxima semana. "Mais provável é que não haja consenso, porque há argumentos para um lado e para outro."