Título: Lacerda tinha como missão me destruir
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2012, Nacional, p. A4

O ministro Gilmar Mendes diz: “Querem melar o julgamento do mensalão”. E aponta para um ex-diretor-geral da Polícia Federal, o delegado Paulo Lacerda. “Dizem que ( Lacerda) está assessorando o PT. Eu tive informação, em 2011, que o Lacerda queria me pegar.” O ministro suspeita que Lacerda estaria divulgando “informações falsas” para atingi-lo.

O sr. está assustado?

Essas coisas não me intimidam. Você lembra da história do Gilmar de Mello Mendes (homônimo do ministro, citado em operação da PF)? A situação é muito similar. Sabe-se que uma notícia é falsa, não obstante divulga-se essa notícia para criar esse Estado de pânico. A minha surpresa foi quando ouvi isso da boca do presidente Lula. E, depois, ao saber, de jornalistas, que o próprio Lula estava se incumbindo de divulgar essa fantasia de que Carlos Cachoeira pagou minhas despesas. Ele está muito mal assessorado. Dá vazão a informações falsas.

Quem abastece Lula?

Imagino que esse grupo de pretensos investigadores de CPMI e coisas do tipo, estelionatários. Fala-se até que o Paulo Lacerda está assessorando (Lula). O que se noticia é que hoje ele está prestando assessoria ao PT na CPMI. Eu já tinha recebido notícia de que Lacerda tinha como missão me des-truir. Ele fez muito mal a este País, instalando um Estado policial, e é bom que fique distante. Ele não respeitou as regras mínimas do Estado de Direito.

Na conversa com Lula foi citado o nome de Lacerda?

O(ex-ministro Nelson) Jobim perguntou ao Lula: “E aí, e o Lacerda?” Lula respondeu: “Está chegando, está voltando de Portugal. Está por aí”. Agora a ficha caiu. Que ele tenha boa sorte, mas não venha com bisbilhotagem, nem reinstalar concepções do Estado policialesco.

O sr. teme Paulo Lacerda?

Imagina. Os embates vêm de 2007, quando ele (Lacerda) era chefe da PF. A polícia tinha virado poder nas mãos de Lacerda. Não tenho arrependimento de ter enfrentado aquela situação. Desde que isso começou, minha família e eu somos alvo de constantes plantações. / FAUSTO MACEDO