Título: Com atividade fraca, BC deve cortar juro em 0,5 ponto
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2012, Economia, p. B4

O Banco Central (BC) anuncia no início da noite a primeira decisão sobre o rumo do juro básico da economia com o detalhamento dos votos de cada um dos diretores. No mercado financeiro, a maioria prevê decisão unânime de corte da Selic em 0,5 ponto, para 8,5% ao ano.

Confirmada a aposta, o juro cairia para o menor patamar da história e, ao mesmo tempo, passaria a valer a nova regra das cadernetas de poupança que prevê remuneração equivalente a 70% da Selic acrescida da Taxa Referencial (TR).

Com uma economia que cresce em ritmo mais lento que o imaginado, analistas dão como certa a continuidade do corte de juro iniciado em agosto do ano passado. Para o mercado, o Banco Central deve manter a estratégia de baratear o crédito porque a atividade segue abaixo do potencial e não há grandes ameaças no radar da inflação.

Ou seja, há espaço para incentivar a economia sem preocupação com os preços. Dessa maneira, a taxa que está em 9% ao ano deve cair para o mais baixo patamar da história, menor do que mínimo de 8,75% ao ano praticado entre julho de 2009 e abril de 2010.

Além da atividade, outro fator que também respalda a redução de juro é o novo funcionamento da poupança. Anunciada no início do mês, a mudança acaba com a rentabilidade fixa das cadernetas.

Para depósitos feitos a partir de 4 de maio, o rendimento será de 70% da Selic somado da TR sempre que o juro básico estiver em 8,5% ou menos. A regra antiga, válida para depósitos antigos ou no caso de a Selic seguir acima do patamar citado, é de juro fixo mensal de 0,5% somado da Taxa Referencial.

Poupança. Confirmada a Selic em 8,5%, o rendimento das novas cadernetas passará a ser de 6,17% ao ano. No acumulado dos últimos 12 meses, depósitos renderam 6,67%.

Isso quer dizer que, em uma caderneta com R$ 1 mil sob as novas regras, a remuneração em um ano será R$ 5 menor quando comparada com a antiga.

A adoção da nova regra era importante para o governo porque, mantido o funcionamento tradicional das cadernetas, a trajetória de queda da Selic poderia incentivar migração em massa de recursos dos fundos de investimento para a poupança.

Isso poderia travar a queda da taxa básica de juros. Como geralmente esses fundos de investimento têm títulos públicos, a fuga de investimentos poderia reduzir a demanda pelos papéis emitidos pelo governo, o que atrapalharia a administração da dívida pública.