Título: Liminar adia depoimento de contraventor em Goiás
Autor: Gallo, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2012, Nacional, p. A4

O interrogatório de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de outros sete réus não deve ocorrer antes de agosto. O cenário é traçado por participantes da investigação, caso o Tribunal Regional Federal (TRF-1) confirme a liminar do desembargador federal Tourinho Neto, que suspendeu na noite de quarta-feira as audiências do processo. O primeiro motivo é que está marcado para a próxima semana uma inspeção na 11.ª Vara Federal em Goiânia, onde tramita o processo.

Durante quatro dias, os servidores vão avaliar os trabalhos da vara, que só funcionará em regime de plantão. O segundo motivo é feriado de Corpus Christi, que pode atrapalhar também o cumprimento das diligências determinadas pelo desembargador. A previsão considera ainda que será necessário pelo menos um mês de antecedência para intimar novamente as testemunhas. O Ministério Público Federal estuda como recorrer da decisão. A liminar adiou os depoimentos de 14 testemunhas e dos réus que estavam marcados para ontem e hoje. Segundo o despacho, a suspensão deve durar até o cumprimento de diligências solicitadas pelos advogados. Tourinho Neto determinou ainda que o juiz da 11.ª Vara Federal, Paulo Augusto Lima, autorize o acesso a conversas reservadas de pelo menos quatro horas entre a defesa e Cachoeira no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, antes do interrogatório. A defesa questiona também o desmembramento do processo.

Ato. O despacho de Tourinho Neto surpreendeu funcionários da Justiça Federal em Goiás que se preparavam para a maratona de depoimentos, que duraria pelo menos 20 horas. As audiências estavam sendo preparadas há um mês. O juiz substituto Paulo Augusto determinou o cumprimento da decisão, mas não com- pareceu ao gabinete. Advogados de defesa preparam nova ofensiva contra o magistrado, alegando sua suspeição no processo. Manifestantes fizeram protestos na porta do prédio da Justiça e cobravam a saída do governador Marconi Perillo (PSDB) por suas ligações com Cachoeira.

Procurador pede investigação sobre honorário de Bastos

O procurador da República Manoel Pastana, lotado em Porto Alegre, pediu ao Ministério Público Federal de Goiás que investigue a origem dos recursos que Carlinhos Cachoeira usará para pagar seu advogado, Márcio Thomaz Bastos. Para Bastos, a iniciativa de Pastana é “um retrocesso autoritário incompatível com a história democrática do MP”. Ele afirma que o procurador “confunde o réu e o advogado responsável por sua defesa”. Segundo ele, os honorários seguem as diretrizes preconizadas pelo Código de Ética da Advocacia e por outras leis do País. / ELDER OGLIARI