Título: PIB do País só superou o de alguns europeus
Autor: Neder, Vinicius; Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2012, Economia, p. B10

Num dia de muitas notícias ruins sobre a economia global, o Brasil divulgou um dos piores crescimentos no primeiro trimestre de 2012, quando se compara com outros países. O avanço de apenas 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2012, ante o quarto trimestre de 2011, ficou acima somente do registrado nas problemáticas economias europeias, como Itália (-0,8%), Reino Unido (-0,3%), Espanha (-0,3%), Holanda (-0,2%), Portugal (-0,1%) e França (zero).

Na comparação com o primeiro trimestre de 2011, o Brasil teve o pior desempenho entre os Brics. A alta do PIB de 0,8% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2011 ficou atrás do registrado por China (8,1%), Índia (5,3%), Rússia (4,9%) e África do Sul (2,1%).

Mesmo com a crise, alguns países desenvolvidos cresceram mais. A Alemanha teve avanço de 0,5% no primeiro trimestre ante o período imediatamente anterior, deixando o crescimento da União Europeia (UE) em zero. Os Estados Unidos cresceram no mesmo ritmo (0,5%) e o PIB do Japão avançou 1%.

Outros países emergentes também cresceram mais. O avanço do PIB na Coreia do Sul foi de 0,9% no primeiro trimestre, ante os três últimos meses de 2011. No Chile, a alta foi de 1,4% e, no México, de 1,3%.

O fraco desempenho brasileiro no primeiro trimestre se torna mais preocupante diante da situação cada vez pior no cenário global, citada por muitos analistas como uma das razões para a queda dos investimentos no Brasil. "Com esse ambiente externo extremamente complicado, a primeira reação é segurar investimento", diz a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências.

Ontem, nos Estados Unidos, foi divulgado que a criação de empregos não agrícolas em maio foi de apenas 69 mil, muito menos que a expectativa dos analistas, de 150 mil. Também ontem vieram a público índices ruins de confiança empresarial na China e no Reino Unido, além do desemprego de 11% nos 17 países da zona do euro, o maior nível desde a criação da moeda única em 1999.

A forte desaceleração global está afetando os juros de vários países ricos, que estão caindo para níveis recordes, antecipando uma atividade econômica deprimida e sem nenhuma pressão sobre os preços. Os papéis de dois anos do governo da Alemanha ontem, pela primeira vez na história, ficaram com juros negativos.