Título: Desemprego na zona do euro tem maior nível desde 1995
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2012, Economia, p. B16

Na zona do euro, ontem foi mais um dia de más notícias. O desemprego na região atingiu um novo recorde de alta, e as perdas de postos de trabalho devem continuar aumentando, ao passo que a devastadora crise da dívida da região corrói a capacidade dos empresários de contratar trabalhadores enquanto governos endividados continuam a cortar pessoal. Também dados fracos vindos do setor industrial ajudaram a azedar o humor e as bolsas registra fortes quedas.

Aproximadamente 17,4 milhões de pessoas estavam desempregadas nos 17 países da zona do euro em abril, ou 11% da população economicamente ativa, o maior nível desde o início da série em 1995, informou o Escritório de Estatísticas da União Europeia (Eurostat).

"Esse nível de 11% continuará subindo nos próximos meses e provavelmente até o fim do ano", disse François Cabau, economista do Barclays Capital, que espera contração de 0,1% na economia da zona do euro este ano.

À medida que a crise da dívida se intensifica, as empresas da região tentam manter os custos trabalhistas baixos, uma vez que estão lutando contra a queda da demanda e dos lucros, enquanto os pedidos da Alemanha por cortes de déficit e de dívida pressionam os governos a diminuir gastos.

A Eurostat destacou as crescentes discrepâncias entre os mercados de trabalho dos países membros do bloco. Na Alemanha a taxa de desemprego caiu de 5,5% em março para 5,4% em abril, mas na Espanha houve alta de 24,1% para 24,3% e em Portugal a taxa cresceu de 15,1% para 15,2%. A taxa de desemprego na Grécia subiu para 21,7% em fevereiro, de 21,3% em janeiro, que são os dados mais recentes disponíveis.

Nos 27 países da União Europeia a taxa de desemprego aumentou para 10,3% em abril, de 10,2% em março, com um total de 24,7 milhões de pessoas sem trabalho.

Atividade industrial. Também os dados da indústria, divulgados ontem, decepcionaram. O setor industrial da zona do euro registrou em maio o ritmo mais forte de contração em quase três anos, conforme a crise da dívida afeta a confiança e novas encomendas continuam a recuar, mostrou o Índice de Gerentes de Compra (PMI, em inglês) do instituto Markit.

Uma contração que começou na periferia da região está se espalhando pelas maiores economias do bloco como Alemanha e França, apontou a pesquisa, sugerindo que o setor - responsável por grande parte da recuperação da última recessão - vai pesar sobre o crescimento.

O PMI recuou para 45,1 em maio ante 45,9 em abril, pouco acima de uma leitura preliminar, mas registrando a menor leitura desde junho de 2009. O indicador tem ficado há 10 meses abaixo da marca de 50, que separa crescimento de contração, e o índice de produção recuou de 46,1 em abril para 44,6 em maio, também o menor desde junho de 2009.

Dados da Alemanha - maior economia da Europa e cuja força impediu que a zona do euro entrasse em recessão no primeiro trimestre - e da França mostraram que seus setores industriais contraíram no ritmo mais rápido em quase três anos. Na Itália, as indústrias se contraíram pelo 10.º mês seguido e, na Espanha, o PMI caiu abaixo do da Grécia, registrando a menor leitura de todos os países pesquisados.

As principais bolsas registram expressivas quedas ao somarem o péssimo desempenho europeu com os indicadores ruins vindos dos EUA e da China. Em Frankfurt, a bolsa recuou 3,42%; em Londres, a queda foi de 1,14%; e em Paris, 2,21% / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS