Título: Alberto e Pantoja pagou empresa contratada por campanha tucana
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2012, Nacional, p. A4

Contratada pela campanha do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) em 2010, a Serpes Pesquisas de Opinião e Mercado recebeu R$ 56 mil da Alberto e Pantoja, acusada de lavar dinheiro do esquema de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O valor foi depositado em duas parcelas de R$ 28 mil na conta de Ana Cardoso de Lorenzo, sócia do instituto de pesquisa, em 6 de setembro de 2010, um mês após o serviço ter sido registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O Comitê Único do PSDB pagou o trabalho de "pesquisa e testes eleitorais" em duas parcelas: R$ 23,4 mil e R$ 7,5 mil.

As investigações da Polícia Federal mostram que o "deltaduto", montado a partir de empresas de fachada, financiava campanhas eleitorais. O dinheiro irrigou cofres de Perillo e outros candidatos de Goiás.

Na semana passada, o Estado revelou que um assessor de Perillo recebeu dinheiro de Cachoeira por serviços prestados na campanha. Responsável pela campanha de rádio, o jornalista Luiz Carlos Bordoni afirmou que recebeu R$ 45 mil da Alberto e Pantoja, pagamento de uma dívida de campanha. O depósito, intermediado por Lúcio Fiúza Gouthier, secretário particular do tucano, foi feito na conta da filha de Bordoni, Bruna Bordoni, em 14 de abril de 2011. Segundo a PF, a única fonte de renda da Pantoja era a Delta.

De acordo com Ana Cardoso de Lorenzo, o depósito foi feito em seu nome porque ela é "esposa" de Antônio Lorenzo. "Não vou falar mais nada. Não posso. Colocamos o caso na mão de um advogado", disse. Questionada pelo Estado sobre os serviços prestados ao PSDB em 2010, Ana acrescentou: "Trabalhamos mais ou menos (na campanha do Perillo). O Serpes está aqui para servir. Sempre que alguém pede nosso serviço, trabalhamos."

Lorenzo não foi localizado. Em entrevistas anteriores ao Estado, ele não soube explicar o porquê do depósito na conta de Ana. "Encontrei um depósito da Pantoja. O que pode ter sido, não tenho a mais mínima certeza. Naquela época, vendi lotes, mas não foi por R$ 56 mil", disse, em 27 de abril.

O Serpes também aparece em áudios da Operação Monte Carlo. O deputado federal Sandes Júnior (PP-GO) pediu a Cachoeira ajuda financeira para bancar pesquisa eleitoral. Num grampo, o parlamentar recorre ao contraventor para obter patrocínio de R$ 7 mil para uma sondagem de intenção de votos à Prefeitura de Goiânia. "Cê não arruma um patrocinador pra uma pesquisa do Serpes, não? É R$ 7 mil", diz o deputado ao contraventor, num telefonema de 22 de agosto de 2011, interceptado pela PF. "Vê se fala com uns amigos seus lá de Anápolis. Sete mil conto, bem feita. Mil e cem entrevistados. Margem de erro é (de) 2%", explica. O Serpes confirmou que presta serviços para o deputado Sandes Júnior. / A.R.