Título: CNI diz que é preciso destravar investimento
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2012, Economia, p. B5

A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) avalia que não existe uma bala de prata que resolva todos os problemas da indústria e que, embora o esforço de barateamento de crédito para empresas seja bem vindo, como o anunciado ontem pelo BNDES, é preciso destravar o investimento em infraestrutura por meio de mais eficiência e agilidade na gestão e regulação do setor.

Segundo o diretor de política e estratégia da CNI, José Augusto Fernandes, não falta demanda nem recursos para infraestrutura, mas é preciso que o governo resolva problemas regulatórios, de decisões administrativas e pendências de coordenação institucional no setor.

Na avaliação dele, a redução de taxas para financiamento de capital de giro, apresentada pelo BNDES, é positiva, mas tem dois fatores limitantes: o nível de exigências de garantia, que aumenta em tempos de crise, e a concorrência com a rentabilidade de outras linhas de crédito dos próprios bancos comerciais, que fazem a liberação do crédito do BNDES junto às empresas.

Mesmo assim, a perspectiva é de que o instrumento ajude a ampliar as condições de financiamento das companhias, mesmo daquelas que precisam mas ainda não têm um histórico de uso das linhas do BNDES. "A probabilidade de obter o crédito para quem já é cliente e tem projeto de investimento com BNDES é maior, mais isso não impede que novas empresas se beneficiem", avalia Fernandes.

O diretor lembra que a CNI tem uma agenda ampla para aumentar a competitividade da indústria e menciona que o destaque atualmente está na área de tributos. Ele defende o aumento de prazo para pagamento de impostos, que destrava o capital de giro das empresas no curto prazo, lembrando que atualmente os prazos de pagamento de impostos e recebimento pelas vendas está descasado."

Repasses. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos(Abimaq) espera que os bancos acompanhem a iniciativa do BNDES e repassem a redução de taxas de financiamento para as empresas.

Gilberto Poleto, diretor da área de financiamento da Abimaq, avalia que a iniciativa do banco de fomento é relevante e deve ajudar a aumentar a competitividade e os investimentos neste momento mais delicado da economia, mas ressalva que muitas vezes os spreads dos bancos, especialmente os privados, impede que esses recursos cumpram o objetivo.

O economista Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria, disse que os cortes de juros do BNDES deve gerar uma rodada de queda nas taxas praticadas por bancos privados. Com a iniciativa, prevê, o BNDES deve roubar parte da demanda por capital de giro e, com isso, forçar os bancos a oferecerem linhas mais atraentes às empresas./ MÔNICA CIARELLI E BIANCA RIBEIRO