Título: Para Tombini, consumo puxa investimento
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2012, Economia, p. B7

O maior consumo das famílias é um dos caminhos para o aumento do investimento na economia, disse o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Ontem, ele defendeu as medidas de incentivo lançadas pelo governo e disse que a atividade do segundo trimestre está em ritmo maior que o visto nos três primeiros meses do ano.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Tombini demonstrou alinhamento com o discurso da equipe econômica ao defender aumento do consumo como forma de atenuar os efeitos da crise internacional. "O que move qualquer economia é o consumo", disse, ao lembrar que o gasto das famílias costuma responder por dois terços da economia - medida pelo Produto Interno Bruto (PIB).

Tombini vê no aumento do consumo um caminho para que empresas aumentem os investimentos, o que reforçaria o crescimento da economia. "O consumo tem de ser cuidado. Para incentivar o investimento é preciso que o consumo cresça", afirmou. "O investimento vem a reboque". Para ele, o investimento público tem papel pedagógico e indutor para o investimento privado.

Otimista, ele repetiu o discurso de que a economia vai acelerar o ritmo na segunda metade do ano e reconheceu que o dado do primeiro trimestre veio menor que o esperado. "Já estamos sentindo maior ritmo da atividade no segundo trimestre quando comparado ao primeiro", disse, sem dar detalhes. Citou, apenas, que algumas linhas de crédito beneficiadas com medidas, como o financiamento de veículos, já reagem positivamente e os volumes emprestados têm crescido.

Calote menor. Esse é um dos fatores que, para o BC, contribuirá para reduzir a inadimplência no segundo semestre. Tombini destacou ainda a nova safra de empréstimos contratados desde agosto de 2011, com juro mais baixo e em ambiente de menor restrição ao crédito, que estão em dia com o pagamento.

Disse que a aceleração da economia e a queda da inflação vão contribuir para o aumento do emprego e da renda, fatores que também ajudam a reduzir os atrasos. "Isso indica que a inadimplência tende a recuar." Sem citar a estratégia com o juro básico da economia, sinalizou que há espaço para continuar com os cortes. Disse, por exemplo, que a inflação de maio, que será conhecida hoje, deverá ser menor que a alta de 0,64% do IPCA em abril.

"Imaginamos que, em 12 meses, a inflação continuará recuando", disse. Tombini elogiou medidas que devem ser adotadas pelo governo que podem aumentar a competitividade do País. Citou "reformas fiscais e tributárias", como estudos para desoneração da energia elétrica e para transformação do PIS e da Cofins em tributos não cumulativos. Incluiu na lista o programa "Ciências sem Fronteiras", que dá bolsas de estudo no exterior, anunciado pela presidente Dilma.

Tombini afirmou que a desvalorização de 6% do real em maio é um movimento moderado se comparado a outras moedas internacionais. Em relação a uma cesta de moedas internacionais, a desvalorização do real em maio foi de 0,3%. "Ou seja, praticamente nada". Segundo ele, isso demonstra que o real teve movimento que não reflete as condições da economia interna, mas o movimento internacional.