Título: EUA investem para liderar mercado de energia renovável
Autor: Crhispim, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2012, Avida, p. A20

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, será uma das principais ausências da Rio+20. Diante dos reiterados convites do governo brasileiro e de altos funcionários das Nações Unidas, a Casa Branca tenta manter o suspense sobre sua presença e adia o anúncio de seu representante no encontro. A posição dos EUA, entretanto, é conhecida: evitar compromissos que possam afetar no futuro seu crescimento econômico e estimular, indiretamente, os negócios vinculados à redução das emissões de gases.

A atenção de Obama não está na mudança climática, mas em sua campanha de reeleição e na crise européia. Dias antes da Rio+20, viajará ao México para a reunião de cúpula do G20, o grupo das maiores economias do mundo. Nos dias 21 e 22, enquanto os líderes da Rio+20 estarão reunidos, Obama seguirá uma agenda em Washington e participará de um encontro de funcionários públicos latino-americanos em Orlando, na Flórida, informou um assessor da Casa Branca ao Estado.

O governo americano pouco se manifestou sobre o tema. A grande imprensa do país, até hoje, ignora a Rio+20, assim como a maioria dos think-tanks de Washington. Mas as precauções estão tomadas. Todd Stern, enviado especial do Departamento de Estado para a Mudança Climática, foi escalado como principal negociador americano na conferência. Nos anos 90, ele fora o negociador da Casa Branca do Protocolo de Kyoto, compromisso de redução de emissões não ratificado pelos EUA.

Os EUA tampouco serão passivos no Rio de Janeiro. No último dia 3, a secretária de Estado, Hillary Clinton, anunciou que seu país vai lançar, na conferência, uma iniciativa para municípios reduzirem suas emissões de metano gerado pelo lixo e o esgoto.

Em julho, em Bangcok, liderarão uma conferência sobre novas tecnologias para diminuir as emissões de gases de geladeiras e aparelhos de ar-condicionado. Os novos negócios a serem criados para atender a necessidade de reducão de emissões é um dos setores que o governo americano quer estimular. Segundo Hillary Clinton, os EUA investiram US$ 90 bilhões, desde 2009, em um esforço para liderar o setor mundial de energia limpa.

Os dados a serem apresentados pelos EUA sobre sua lição de casa devem escudá-los de compromissos. A crise econômica vivida pelo país desde 2008 puxou para baixo o ritmo de aumento das emissões.

De acordo com o último relatório oficial sobre a emissão de gases do efeito-estufa, enviado em abril para as Nações Unidas, a emissão total dos EUA aumentou 10,5% entre 1990 e 2010 - uma média anual de 0,5%. Entre 2009 e 2010, entretanto, a expansão foi de 3,2%.