Título: Ex-assessor diz que empresa prometeu doação
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2012, Nacional, p. A4

Ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), Francisco Borges Filho diz que o pagamento registrado em agenda do laboratório Hipolabor referia-se a uma doação de campanha ao petista. Segundo ele, Renato Alves Silva, diretor da empresa, lhe contou ter feito o registro visando a contribuir com R$ 50 mil na campanha de 2010. Ele alega, contudo, que o repasse não chegou a ocorrer.

Na prestação de contas de Agnelo ao Tribunal Superior (TSE) não consta nenhum repasse do Hipolabor. "A anotação era do Renato. Foi na agenda do Renato, que era para conversar com o Ildeu (Oliveira Magalhães, dono do laboratório) sobre a possibilidade de se arranjar R$ 50 mil para ajudar na campanha", contou. "Eles prometeram, mas não deram. Não houve a doação."

Na página de 24 de maio de 2010, a agenda traz a anotação "Agnelo" ao lado de "50.000". No dia 30 há outro registro, aparentemente abreviado: "Agnelo: 50.". "Era (doação), ele prometeu. Isso aí é uma falha do sistema político. Enquanto não tiver financiamento público de campanha, o caixa 2 vai nadar de braçada", disse Borges, que diz não trabalhar mais para o Hipolabor.

Em março, o governador disse ao Estado não ter qualquer envolvimento com o grupo. Em nota, o Hipolabor negou ter feito pagamentos a qualquer pessoa de nome Agnelo, mas não explicou o que são as anotações.

Segundo Borges, outros laboratórios prometeram ajudar o petista, na época recém-desligado da Anvisa, na corrida ao Palácio do Buriti. "Não foi só o Hipolabor. E ele recebeu ajuda de outros laboratórios", disse.

Segundo o TSE, Agnelo recebeu doações de pelo menos quatro empresas do setor farmacêutico, entre elas o laboratório União Química (R$ 200 mil). Em vídeo, o lobista Daniel Almeida Tavares acusou o petista de receber propina, quando diretor da Anvisa, para liberar licenças para a empresa. Segundo o denunciante, o suborno de R$ 50 mil teria sido pago em 2008, dos quais R$ 5 mil teriam sido depositados na conta do governador. Agnelo confirma o depósito, mas alega que se trata da devolução de empréstimo feito a Tavares. / F.F.