Título: Portugal critica socorro à Espanha
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2012, Economia, p. B3

As circunstâncias do pacote de socorro de € 100 bilhões concedido à Espanha no sábado provocaram insatisfações no outro lado da fronteira, em Portugal. Líderes da oposição pediram ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que renegocie o resgate oferecido por Bruxelas a Lisboa em 2011, no total de € 78 bilhões.

Isso porque o governo português, como o da Grécia e o da Irlanda, precisa obedecer a uma política de austeridade que levou o país à recessão e ao desemprego. Em resposta, o premiê afirmou ontem "não ver razões" para a renegociação, mas que todas as "condições excepcionais" terão de ser compartilhadas.

Ontem à noite, mais de 24 horas após o socorro à Espanha. Coelho afirmou que "não há nenhuma razão para pedir novas condições para Portugal", porque a situação dos dois países "não é comparável". Ele disse, porém, que não aceitará tratamentos diferenciados por parte de Bruxelas. "Se houver alguma condição excepcional que deva ser partilhada com os outros países que estão sob assistência, não tenho dúvida de que isso acontecerá."

Mais cedo, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Antonio José Seguro, exigiu que Portugal desfrute dos mesmos benefícios concedidos ao país vizinho. "É necessário que a União Europeia trate todos os Estados-membros da mesma maneira. Não pode haver Estados de primeira e Estados de segunda."

Sinal. Empenhado em passar uma imagem positiva do acordo firmado com a Espanha, o comissário europeu de Finanças, Olli Rehn, afirmou que o pacote é "um sinal claro para o mercado da determinação da zona do euro a tomar medidas decisivas para acalmar as turbulências."

Mas, dentro e fora da Espanha, analistas se mostraram preocupados com a reação do mercado financeiro. O principal risco, dizem economistas como José Carlos Diez, da consultoria Intermoney, é de que os investidores interpretem o socorro como um sinal de fraqueza e fujam do risco, elevando ainda mais os juros cobrados por títulos da dívida espanhola. O maior problema, entendem os especialistas, é que o socorro à Espanha não resolve problemas estruturais da União Europeia, e só repete a estratégia usada para socorrer Grécia, Irlanda e Portugal - até aqui, sem debelar a crise. / COM EFE

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