Título: Com juro baixo, novos produtos atraem o interesse dos investidores
Autor: Fordelone, Yolanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2012, Economia, p. B6

A redução do juro básico (Selic) para o patamar mais baixo da história, de 8,5% ao ano, vai impor um desafio aos investidores que desejam ter um pouco mais de rentabilidade: será preciso arriscar mais e optar por produtos na carteira além dos tradicionais fundos de renda fixa e DI. Fundos imobiliários ou imóveis, títulos privados e ações, desde que para o longo prazo, estão entre as sugestões.

"Ser conservador vai ser muito caro neste momento da economia em que o juro está baixo", diz o consultor Augusto Sabóia. A visão geral é que o investidor terá de partir para aplicações com um pouco mais de risco para ter melhor rentabilidade e até mesmo para que seu dinheiro não seja corroído pela inflação ao longo do tempo. "De forma genérica, os principais segmentos são juros, bolsa e imóveis", resume o administrador de carteiras, Fábio Colombo.

Entre os produtos que entram no radar agora estão só títulos de dívida privada (debêntures). Alguns papéis pagam juro maior do que a Selic. Sabóia calcula que algumas emissões podem chegar a ter rentabilidade de 140% a 160% do CDI, como a da Cemig.

Em geral, porém, o retorno está diretamente associado ao risco: quanto maior o juro, maior o perigo. "Empresas de primeira linha geralmente pagam juros próximos à Selic. O grande risco é de a companhia ter problemas financeiros e não conseguir pagar o título no vencimento", diz Colombo.

Ele acredita que boas oportunidades podem ser encontradas no mercado imobiliário, em salas comerciais e residências pequenas. "Esse investimento vai demandar que o investidor tenha um volume de recursos maior", diz. Colombo ressalta que é preciso garimpar as ofertas, porque o preço do imóvel subiu muito e pode estar sobrevalorizado.

Uma alternativa ao bem físico é a aplicação em cotas de fundos imobiliários, negociadas como se fossem uma ação, no home broker das corretoras. Além de apresentarem boa rentabilidade, que podem chegar a pouco mais de 1% ao mês, estes fundos têm a vantagem de serem isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que acaba por ampliar o retorno final da aplicação.

O risco é de avaliação, já que os fundos investem em diferentes produtos: podem simplesmente receber o aluguel de algum imóvel como um shopping ou aplicar em outros papéis do setor como os CRIs. "É difícil para a pessoa física comum saber quanto vale o investimento, se está caro ou não", afirma Colombo.

A piora do cenário internacional causa oscilações no mercado acionário, que já cai mais de 5% em 2012. "O momento é de muita volatilidade. Não seria indicado para quem vai começar agora, só para quem já está no mercado e é jovem", diz Sabóia. "Também sugeriria a compra de fundos acionários para haver mais diluição em vez de comprar ações diretamente."

Bolsa e fundos. Os fundos podem ser aqueles oferecidos em bancos ou mesmo cotas dos negociados na Bolsa, os ETFs. Colombo sugere a compra gradual de ações, para o longo prazo, pois é imprevisível saber se agora é o melhor momento de compra, de preços mais baixos. "A recomendação é comprar gradativamente ao longo das baixas e vender nas altas. O que ocorre, porém, é que o investidor têm medo na baixa e ganância na alta", diz Colombo.

Em relação aos fundos cambiais e multimercados, os especialistas são céticos: o risco é muito grande e difícil de ser compreendido pelo investidor e as taxas de administração, altas. Os multimercados podem aplicar em diversos mercados, como acionário, cambial e de renda fixa.

O grande problema, segundo eles, é que a carteira muda rapidamente e às vezes nem o investidor sabe no que investe e qual o risco que corre. Os fundos cambiais só são indicados em caso de necessidade, para quem tem uma viagem internacional marcada ou dívida em dólar. Em último caso, como diversificação, compondo até 10% da carteira.