Título: ONU apresenta sistema para calcular PIB verde
Autor: chrispim marin, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2012, Vida, p. A16

No primeiro passo para as Contas Ambientais, que incluem o impacto dos recursos naturais no cálculo do PIB, o Brasil seguirá o caminho de países como Holanda e Canadá: começará pela água e depois incorporará florestas e fontes de energia nos cálculos. No futuro, as novas metodologias levarão à divulgação regular de um "PIB Verde" dos países, que contabiliza as perdas e a exaustão dos recursos do ambiente na produção de riqueza.

Para avançarem nas contas ambientais, os países seguirão os padrões metodológicos da ONU, reunidos no Sistema de Contas Econômicas Ambientais (Seea, na sigla em inglês), apresentado ontem por representantes de institutos de estatísticas de vários países e de organismos internacionais, na sede do IBGE.

O representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Sheng Fulai, criticou o uso do PIB como padrão de riqueza, por valorizar informações econômicas e não levar em conta dados ambientais e de sustentabilidade.

"O PIB tende a ser usado de maneira equivocada. Ele não é indicador de progresso, como tem sido usado", afirmou Fulai, chefe de pesquisa do departamento de Economia e Comércio do Pnuma. "É como o painel de um carro. Se o hodômetro (instrumento que mede quilômetros rodados) não estiver correto, pode causar problemas para o motorista e outras pessoas", comparou.

As discussões sobre as contas começaram na Eco-92, mas tiveram poucos avanços nestes 20 anos. Finalmente, no início do ano a ONU consolidou o padrão da nova contabilidade.

Especialista em economia verde, Fulai apontou outras falhas do PIB atual: "Ele não é completo. Impactos ambientais e sociais não são considerados. E é pouco preciso, por exemplo, por não considerar a exaustão de recursos". "O PIB Verde é o guarda-chuva que pode resolver essas questões e o Seea é a primeira realização concreta desde a co-92. É o pai e a mãe de todas as ações", afirmou. O encontro dos técnicos do Comitê das Nações Unidas de Especialistas em Contas Econômicas Ambientais começou termina amanhã.

A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, explicou que a opção por começar o cálculo pela água foi tomada pelo fato de haver mais informações disponíveis. Um convênio com a Agência Nacional de Águas (ANA) firmado no mês passado foi o ponto de partida para a medição.

A representante do Banco Mundial, Glenn-Marie Lange, disse que o organismo já conseguiu US$ 15 milhões para o fundo que financiará a elaboração das contas ambientais da água em seis países (Filipinas, Madagascar, Botswana, Colômbia, Costa Rica e Vietnã) e aproveitará a Rio+20 para captar recursos.