Título: PSB rompe com PT no Recife, mas fica fiel a Haddad
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2012, Nacional, p. A10

O PSB, partido do governador Eduardo Campos (PE), resolveu romper a aliança com o PT no Recife e lançar candidato próprio na eleição pela capital de Pernambuco. Apesar do racha no Estado, a coligação em torno do pré-candidato do PT em São Paulo, Fernando Haddad, foi mantida.

Convencido de que a cúpula do PT perdeu o controle sobre o partido em Pernambuco, Campos não quer se desgastar com a briga nem pagar a conta da intervenção no diretório do Recife. Apesar da ação da direção do PT em favor de uma candidatura palatável ao PSB, com o senador Humberto Costa (PT), os petistas não conseguiram o armistício com o prefeito João da Costa, que quer disputar a reeleição.

Recife é palco de uma disputa interna no PT. A Executiva Nacional não validou a prévia vencida por João da Costa, em maio, contra o secretário estadual de Governo, Maurício Rands, aliado de Campos. Sem unidade, a cúpula buscou uma terceira via, com Humberto Costa, mas enfrenta a resistência do prefeito.

Apesar do movimento nos bastidores pela candidatura própria do PSB, Campos foi cauteloso ontem. Afirmou que vai conversar com os partidos aliados da Frente Popular, encabeçada por PT e PSB, para definir o rumo na eleição. "A hora de tomar atitude chegará. Vamos tomar a que for melhor para o povo do Recife."

Campos, no entanto, já determinou a desincompatibilização de quatro secretários para ficarem à disposição. Os mais cotados são Geraldo Julio, secretário de Desenvolvimento Econômico, e Danilo Cabral, das Cidades.

Com Lula. Cotado para ser vice da presidente Dilma Rousseff em 2014, Campos mantém boa relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que considera prioritário o acordo do PSB com o PT em São Paulo, adiantado pelo Estado em maio. Campos telefonou ontem a Lula, para informá-lo da decisão do PSB no Recife. Os dois combinaram de se encontrar na sexta-feira, quando devem anunciar o apoio dos socialistas a Haddad.

Lula esteve ontem com o presidente do PT, Rui Falcão, e com Humberto Costa, em São Paulo, para avaliar o cenário. Na saída, Costa disse não acreditar na possibilidade de o PSB lançar nome próprio: "Não acredito que isso vá acontecer. Vou colocar todos os meus esforços pela unidade". Falcão adotou a mesma linha: "Acho que o Eduardo entende que é importante manter a Frente, inclusive porque há interesse em estarmos juntos em 2014".

Coronéis. "O prefeito resistirá até a última gota de sangue pelo direito de disputar a reeleição", disse ontem no Recife o deputado Fernando Ferro (PT-PE), para quem a interferência paulista cria uma jurisprudência perigosa no PT. "Já derrotamos o velho coronelismo no Nordeste e agora temos que combater o novo coronelismo paulista", disse.

O nome de Humberto Costa foi homologado anteontem pelo PT do Recife. João da Costa recorreu da decisão no mesmo dia à direção nacional. Para o presidente do PT recifense, Oscar Barreto, a homologação foi "uma manobra para criar fato na mídia, que só aprofunda a briga no PT". / ANGELA LACERDA, CHRISTIANE SAMARCO, DAIENE CARDOSO, FERNANDO GALLO e JULIA DUAILIBI