Título: Obama pede atitude decisiva da Europa para socorrer seus bancos
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2012, Economia, p. B1

Temor de contágio da crise europeia na recuperação da economia americana leva presidente dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apelou ontem aos líderes europeus para tomar uma "atitude decisiva" e "urgente" para socorrer seus bancos, aliviar o arrocho fiscal para permitir crescimento em curto prazo e evitar a saída da Grécia da zona do euro. A economia americana não está indo bem, reconheceu ele, e a recessão na Europa "terá impacto no ritmo de recuperação" dos EUA.

"Agora, nossa preocupação é a Europa, que enfrenta a ameaça de nova recessão, enquanto seus países lidam com a crise. Claro que isso importa para nós porque a Europa é o nosso maior parceiro comercial", afirmou.

O apelo da Casa Branca aos líderes europeus - mais incisivamente, à chanceler alemã, Angela Merkel - antecipou as pressões do encontro de cúpula do G-20, nos próximos dias 20 a 22 em Los Cabos, no México. A reunião se dará logo depois das novas eleições gregas, no dia 17 de junho, quando se tornará clara a opção do país em persistir ou abandonar a zona do euro.

Os temores de Obama foram detalhados ao Congresso, na quinta-feira, pelo presidente do Federal Reserve (o banco central dos EUA), Ben Bernanke. A taxa de desemprego voltou a crescer em maio (8,2%), depois de dois meses frustrantes sobre a geração de empregos. Além disso, as exportações para a Europa caíram 5,7% entre janeiro e abril, ante igual período de 2011.

Obama chegou a ser específico sobre as medidas para impedir a recessão na Europa e, consequentemente, dos EUA e do mundo. "Em curto prazo, eles têm de estabilizar seu sistema financeiro", receitou, ao mencionar a necessidade de injeção de capital em bancos fragilizados.

Aos eleitores gregos, Obama advertiu que será pior a retirada do país da zona do euro. Na área fiscal, alertou os líderes europeus sobre as dificuldades maiores para reduzir o déficit público e a dívida se a economia regional não estiver crescendo. "Alguns países da Europa têm, neste momento, taxa de desemprego de 15%, de 20%. Se há compromisso de demasiada austeridade em curto prazo, a taxa vai para 20% ou 25% e ficará realmente difícil cortar a dívida."

Embora o primeiro foco de Obama tenha sido a Europa, a declaração de ontem teve como alvo também o Congresso, onde ao menos dois grandes projetos da Casa Branca estão engavetados há meses. Obama tem feito insistentes apelos aos parlamentares e estimulado os eleitores a pressioná-los a votar os pacotes.