Título: Para indústria da cana, Dilma defende etanol
Autor: Escobar, Herton ; Girardi, Giovana
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2012, Vida, p. A21/22

RAFAEL MORAES MOURA , TÂNIA MONTEIRO , VENILSON FERREIRA / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo A presidente Dilma Rousseff aproveitou uma cerimônia de entrega de selo de boas práticas às indústrias da cana-de-açúcar para sair em defesa do etanol brasileiro, dizendo que o combustível concretiza o tema da Rio+20, que "é crescer, incluir e proteger". Dilma contestou críticas ao setor sucroalcooleiro e disse que o etanol sofria de práticas "fraudulentas de competição".

"Neste ato e às vésperas da Rio+20, estamos de fato mostrando que o tema da Rio+20, que é crescer, incluir e proteger, está concretizado aqui, hoje, no setor sucroenergético", discursou Dilma, no Palácio do Planalto, um dia após inaugurar o Pavilhão Brasil da Rio+20, no Rio.

"O Brasil, hoje, tem uma matriz energética das mais renováveis do mundo, porque tem, na sua composição, principalmente na matriz de combustível, o etanol. E esse é o tema da Rio+20, produzir, respeitando o meio ambiente e a legislação social", afirmou a presidente.

Dilma destacou que havia uma "acusação socioambiental" contra o Brasil por causa do uso do etanol, supostamente com o objetivo de reduzir a sua importância como alternativa ao uso de combustíveis fósseis. "Durante muito tempo o etanol brasileiro foi acusado de duas coisas. Primeiro, de estar desmatando a Amazônia. E, segundo, de utilizar práticas incompatíveis com a civilização: trabalho escravo. Sabíamos que esse processo decorria de práticas, eu diria assim, fraudulentas de competição."

"Mesmo quando a gente dizia que a produção de etanol no Brasil distava da Amazônia, assim como Lisboa distava de Moscou, mesmo assim, naquela época, havia, por parte de vários jornais da imprensa internacional, uma tentativa de não entender essa distância geográfica", continuou. "O zoneamento agroecológico, além de nos beneficiar, porque definia áreas de produção, impediu e era um instrumento contrário a essa acusação."

Ao comparar o Brasil com outros países, a presidente frisou que a maior parte do mundo tem uma matriz energética muito concentrada em fontes fósseis. "Enquanto a matriz energética do Brasil tem, de fontes renováveis, 45%, a média internacional é 11%. É claro que a hidreletricidade tem uma parte importante, mas mais importante é o fato de que nós não temos nenhum veículo leve trafegando no Brasil sem ter, nesse veículo, um componente que seja o etanol."