Título: A Petrobrás tornou-se ainda mais agressiva
Autor: Valle, Sabrina ; Torres, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2012, Economia, p. B14

Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Economia Aplicada pela Universidade Pierre-Mendes, da França, o economista Edmar de Almeida demonstrou satisfação com o novo plano de investimentos da Petrobrás para o período 2012-2016.

Como o sr. avalia o plano?

A Petrobrás pisou mais ainda no acelerador.

Mesmo com a redução das metas de produção a longo prazo?

O valor do investimento aumentou. Do ponto de vista financeiro, o plano continua agressivo. A Petrobrás tornou-se mais agressiva ainda.

A direção da Petrobrás defendeu um plano "realizável" antes da aprovação. É o caso deste?

Isso expressa, de certa forma, uma preocupação do mercado.

Até que ponto o plano é viável dentro do contexto econômico atual?

A Petrobrás está empenhada em manter sua meta de investimentos, faz um esforço financeiro muito forte para viabilizar o aumento da produção.

Mas o plano lhe parece realizável?

Duas metas são claras. A primeira é aumentar a produção, atendendo à expectativa criada pelo aumento das reservas (de petróleo). A segunda, o investimento no parque de refino, pois existe um déficit na produção de derivados no País.

Por que o mercado reagiu mal? O plano pode trazer riscos econômico-financeiros à medida que o contexto econômico internacional não é favorável, deteriorou-se muito a partir da crise de 2008. Essa questão traz desconforto ao mercado.

A manutenção da defasagem do preço dos combustíveis atrapalha a empresa?

A Petrobrás precisa passar uma mensagem mais forte ao mercado de qual é a segurança por trás desse plano. As ações estão caindo porque o mercado busca uma zona de conforto. Existem muitos riscos, que passam, por exemplo, pelo controle da política de preços pelo governo. A Petrobrás sofre pressão forte para segurar os preços. Isso é indiscutível. A questão dos combustíveis está embutida nisso. Acho difícil (aumentar os preços logo). Se for depender do governo, a questão fica um pouco mais prolongada.

Com o dólar valorizado, o reajuste é imprescindível?

A Petrobrás tem potencial favorável quando comparada a concorrentes do mesmo porte. Mas deveria trabalhar internamente e no governo sobre a segurança desse salto que vai dar. Precisa dar mais garantias ao investidor.