Título: Pressão sobre spread diminuiu, diz Setubal
Autor: Valle, Sabrina ; Torres, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2012, Economia, p. B14

Para diretor do Itaú Unibanco, faltou comunicação aos bancos no debate do tema com o governo

Faltou comunicação aos bancos no debate sobre a redução dos spreads (diferença entre custo de captação e taxas de juros ao consumidor), na avaliação do diretor-vice-presidente e diretor de Relações com Investidores do Itaú Unibanco, Alfredo Setubal.

Porém, segundo ele, desde que o governo iniciou o debate público, em abril, com forte participação da presidente Dilma Rousseff, diminuiu a tensão nas discussões. Setubal não quis comentar a redução de cinco para dois anos no prazo mínimo para empréstimos no exterior isentos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), adotada ontem.

"Ninguém tem dúvida que o governo está certo em puxar essa discussão", disse Setubal, durante evento com investidores, promovido pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), no Rio.

O problema está na forma e no momento da discussão, completou o executivo. Com a desaceleração da economia e a inadimplência em alta, fica mais difícil para os bancos reduzirem taxas. Setubal também criticou a metodologia de cálculo do spread pelo Banco Central (BC).

Após o evento, porém, Setubal destacou que as discussões com o governo têm avançado, após a pressão inicial. "As reuniões técnicas continuam acontecendo no BC e no Ministério da Fazenda", disse o executivo.

Já a alta inadimplência, uma das vilãs dos spreads elevados, tende a demorar a cair, com a desaceleração da economia. No Itaú Unibanco, a taxa média, hoje em 5,1% (empréstimos com mais de 90 dias de atraso), pode chegar a 5,3% antes de começar a declinar. No início do ano, a previsão era de queda mais rápida.

Durante a palestra para investidores e analistas, Setubal destacou que os problemas do sistema de crédito estão mais concentrados no financiamento de veículos. Como esses empréstimos têm prazo maior, leva mais tempo para o crédito antigo ser substituído pelo novo.