Título: Justiça manda soltar alunos da Unifesp Guarulhos
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2012, Vida, p. A26/27

A Justiça mandou soltar um grupo de 22 alunos do câmpus Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que estava preso desde quinta-feira na sede da Polícia Federal, zona oeste da capital paulista. Às 23 horas, o alvará de soltura havia chegado à PF, mas os alunos ainda não tinha sido liberados.

As prisões aconteceram na noite de quinta-feira, quando houve um protesto estudantil em frente à diretoria acadêmica do câmpus de Guarulhos. Os estudantes dessa unidade estão em greve há quase três meses para pedir melhorias na infraestrutura. A Polícia Militar foi chamada por funcionários da Unifesp, entre eles o diretor do câmpus, Marcos Cezar de Freitas, para conter os alunos, que estariam depredando o prédio e ameaçando funcionários.

Segundo a Unifesp, eles haviam pichado paredes e quebrado vidros, móveis e computadores. Um grupo estava concentrado em frente ao prédio e, segundo Freitas, intimidando-o e ameaçando ocupar o edifício.

Os 22 alunos foram autuados em flagrante por dano ao patrimônio público, constrangimento ilegal e formação de quadrilha, cujas penas podem chegar, somadas, a oito anos de prisão. A PF fez uma perícia no câmpus. Os presos não puderam deixar a carceragem porque a soma das penas dos crimes dos quais são acusados impede a fiança.

Os alunos dizem que o quebra-quebra só começou após os policiais prenderem uma colega. Houve confronto e a PM utilizou balas de borracha e bombas de efeito moral. Uma estudante foi levada ao pronto-socorro com ferimento na perna e um vídeo postado pelos universitários mostra um rapaz com o nariz sangrando após ser atingido por policiais.

Segundo a aluna de Ciências Sociais Janaína Sant''Ana de Andrade, de 21 anos, que estava no protesto, não dá para saber se foi a PM ou os estudantes que depredaram o prédio. Nesta sexta-feira, ela teve uma audiência com o reitor e pediu que ele retirasse as acusações contra os presos.

O reitor da Unifesp, Walter Albertoni, diz que a polícia agiu "com critérios". "Não quero ver ninguém preso, mas os estudantes têm de responder pelos atos que cometeram", disse Albertoni, em entrevista nesta sexta-feira à tarde. Segundo ele, que classificou o ato como "depredação", a situação "saiu do controle", porque "o confronto foi deliberado pelos estudantes".

Para o reitor, os detidos infringiram termos de um mandado de segurança assinado dia 6, quando ocorreu a reintegração de posse do câmpus, invadido por alunos. Os alunos haviam ocupado a diretoria acadêmica em maio, mas saíram do prédio quando souberam da preparação da polícia para fazer cumprir ordem judicial de reintegração de posse.

O câmpus de Guarulhos não tem prédio oficial, prometido desde 2007, quando foi inaugurado. A universidade usa salas de aula de uma escola municipal vizinha. O pró-reitor de Assuntos Estudantis, Luiz Leduino de Salles Neto, disse "repudiar" o que chamou de "ação violenta" da PM. Ele cogita deixar o cargo.

Segundo a PF, dos 22 detidos, 14 já haviam sido conduzidos à superintendência no último dia 6. Os alunos só não foram transferidos nesta sexta-feira para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros por falta de tempo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.