Título: BC diz que País cresceu 0,22% em abril
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2012, Economia, p. B8

Avanço detectado pelo IBC-Br não indica tendência, mas analistas mantêm previsões de que a economia deverá reagir no segundo semestre

A economia brasileira continua patinando. Dados do Banco Central mostram que a atividade econômica cresceu 0,22% em abril na comparação com o mês anterior. O avanço, porém, não faz parte de uma nova tendência, já que, dos quatro meses de 2012, dois tiveram expansão e dois amargaram queda da atividade de forma intercalada. Mesmo com a irregularidade, analistas mantêm a previsão de que a economia deve avançar com mais força no segundo semestre.

Considerado uma prévia do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica, o IBC-Br, voltou a registrar expansão em movimento esperado pelo mercado financeiro. Levantamento feito do AE Projeções mostra que o mercado esperava expansão de 0,2%, muito próximo do divulgado pelo BC.

Na comparação entre os meses de abril de 2012 e 2011, porém, a economia apresentou estagnação, com ligeiro recuo de 0,02%, a primeira queda desde setembro de 2009, ainda na saída da crise passada.

Em abril, a atividade econômica voltou a crescer motivada principalmente pela melhora nas vendas do varejo. "A economia está meio desbalanceada. O consumo segue crescendo bem, mas o setor industrial está bem fraco", diz o economista-chefe do Citibank Brasil, Marcelo Kfoury.

Em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do varejo cresceram 0,8% ante março. Embora alguns analistas esperassem ritmo ainda mais forte, a atividade do comércio tem aumentado, já que o faturamento havia crescido 0,3% no mês anterior. Kfoury lembra que, anualizado, o ritmo do comércio sinaliza expansão na casa de dois dígitos.

Carros e motos. Entre os segmentos que têm liderado a recuperação no varejo, a venda de veículos e motos, exatamente como quer o governo, tem crescido com mais força. Além disso, móveis e eletrodomésticos, outro segmento beneficiado por medidas da equipe econômica, continuam com bom faturamento.

Por outro lado, a indústria frustra previsões. Em abril, a atividade do setor caiu 0,2% na comparação com março, bem pior que as estimativas de crescimento de 0,15%. "A indústria é muito mais aberta ao que acontece em outros países e segue a cautela vista em todos os lugares do mundo", diz o economista do Citibank.

Esse desempenho é pano de fundo do esforço governamental em tentar ampliar o volume de recursos para investimentos públicos, fato que ajuda a aumentar a demanda do setor.

Segundo semestre. "O resultado positivo de abril, sustentado pelo bom desempenho do consumo das famílias, conforme apontado pelas vendas no varejo, reforça nossa expectativa de uma retomada gradual mais à frente da atividade econômica", avalia o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em relatório.

Kfoury, do Citibank, concorda que haverá ritmo mais forte nos próximos meses, mas pondera que em 2012 a economia deverá crescer menos que em 2011.