Título: Índios se perdem por 8 horas no Rio
Autor: Reinach, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2012, Vida, p. A23

Xavantes criticaram a organização do evento

Após três dias de viagem de ônibus entre Campinópolis (MT) e o Rio, 40 índios xavantes chegaram no início da manhã de ontem ao Riocentro, onde ocorrem os debates oficiais da Rio+20, mas não conseguiram entrar.

Sem credencial e sem informações sobre a localização da Aldeia Kari-Oca, onde os povos indígenas se reúnem até o dia 22, tiveram de esperar dentro do ônibus por cerca de oito horas até serem conduzidos pela Guarda Municipal ao local do evento.

"Chegamos às 5 horas no Rio e só conseguimos encontrar o local às 13 horas. Ficamos rodando pela cidade, sem informações. Não tem como, isso dificulta muito para nós", disse o xavante Márcio Tehidgatsé.

Os índios também reclamaram da organização e das instalações do evento, ainda não concluídas. As principais estruturas estavam cobertas de lama por causa das chuvas. "As despesas da viagem também não chegaram. Até o motorista precisou ajudar na nossa alimentação", afirmou Tehidgatsé.

O líder indígena e organizador do evento, Marcos Terena, confirmou que parte dos recursos destinados ao evento não foi liberada, mas minimizou os incidentes com os xavantes. "Tivemos um problema de comunicação, que já foi resolvido", afirmou.

Orçada em R$ 1,5 milhão, com recursos do Ministério dos Esportes, a Aldeia Kari-Oca recebeu na tarde de ontem as delegações de dez nações indígenas do País, além de representantes dos povos nativos da Guatemala, do México e do Canadá. Até o final do evento, a expectativa é de que cerca de mil indígenas circulem no local.

As atividades começam oficialmente hoje, com os Jogos Verdes Indígenas. Na tarde de ontem, um grupo de pajés realizou uma cerimônia espiritual para acender o Fogo Sagrado, que prepara o ambiente para o evento.