Título: Petrobrás adia anúncio de investimentos
Autor: Valle, Sabrina ; Torres, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2012, Economia, p. B6

Apesar da pressão do governo, conselho diverge sobre valor no plano de negócios para 2012 a 2016 e anúncio oficial deve ficar para julho

O Conselho de Administração da Petrobrás discutiu ontem, em Brasília, o novo plano de negócios da companhia para o período de 2012 a 2016. Mas, apesar de o governo, sócio majoritário da companhia, ter se empenhado na aprovação, um corte substancial nos investimentos, especialmente na área de Abastecimento e Refino, dividiu os conselheiros. Não houve anúncio oficial nem a divulgação do valor dos investimentos ontem. É possível que a definição seja adiada para julho.

O governo Dilma Rousseff vinha pressionando a Petrobrás a antecipar a aprovação, porque conta com os investimentos da petroleira para estimular a economia do País. Mas, por prudência, para adequar o planejamento a metas mais realistas, a direção da Petrobrás retirou do plano projetos de refino ainda em fase conceitual, que resultaria num montante de investimentos cerca de R$ 8 bilhões inferior, segundo fontes ouvidas pelo Estado.

A presidente da companhia, Graça Foster, vinha realizando nos últimos dias de duas a três reuniões diárias com executivos das áreas mais importantes para discutir as contas. Ela defende um plano estratégico mais "realizável", na definição cunhada semanas atrás pelo diretor financeiro, Almir Barbassa, durante apresentação do resultado financeiro do primeiro trimestre. A decisão é do governo, que controla a companhia e seu Conselho de Administração.

Internamente, a presidente da Petrobrás sustenta a necessidade de o Plano 2012-2016 listar projetos mais enxutos para as ambiciosas metas da companhia. Tende a ser bem recebida no mercado uma redução marginal nas metas de investimento, que no plano de 2011-2015 ficaram em US$ 224,7 bilhões, o maior do mundo. Graça também é a favor de metas de exploração menos ambiciosas do que as expostas pela empresa na revisão do plano no ano passado.

À equipe, a ordem de Graça nos últimos tempos não foi no sentido de eliminar projetos, mas sim de mudar o conceito de inclusão de novos empreendimentos. Com exceção da área de Produção e Exploração, que seria preservada, Graça vinha defendendo que entrem no plano apenas empreendimentos com o projeto "básico" ou "executivo" já prontos.

Poderiam ficar de fora a partir de agora projetos ainda em fase conceitual, que antes apareciam na previsão de investimentos do plano de negócios. Conceitual é a primeira fase, seguida da básica e da executiva, a derradeira.

Na última revisão anual do plano, ainda na gestão José Sergio Gabrielli, houve uma maior concentração dos investimentos em Exploração e Produção, cuja participação no total dos investimentos passou de 53% no plano divulgado em 2010 para 57%, no ano passado.

A presidente da Petrobrás também vem defendendo publicamente que a companhia foque em produção e exploração, o que já será explicitado no plano a ser divulgado até o fim da semana.

No ano passado, o plano incluiu, pela primeira vez, um programa de desinvestimento, no total de US$ 13,6 bilhões, visando maior eficiência na gestão dos ativos da companhia e rentabilidade. Na semana passada, o ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, Guido Mantega, afirmou que o plano de negócios seria divulgado esta semana e mostraria aumento de investimentos para 2012. O ministro não fez referência aos anos seguintes.