Título: Juros do cartão de crédito resistem
Autor: Gerbelli, Luiz Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2012, Economia, p. B10

Taxa média de juros, porém, recuou para 6,18% ao mês em maio, a menor em 17 anos, diz Anefac

A taxa média mensal de juros para a pessoa física atingiu o menor nível desde 1995, quando teve início a série pesquisada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A taxa mensal verificada foi de 6,18% em maio, ante 6,25% em abril. Mas as taxas do cartão de crédito resistem ao movimento de corte geral.

A redução de maio foi a quarta apurada este ano e, segundo a Anefac, foi impulsionada pelo corte da taxa Selic - que, no fim de maio, passou de 9% ao ano para 8,5% - e pela redução dos juros promovida pelos principais bancos do País, o que criou uma maior competição no mercado entre as instituições financeiras.

"A taxa de juros continua caindo. Essa redução foi provocada pela queda da Selic, pela maior competição entre os bancos e também pela expectativa de que o Banco Central vai continuar reduzindo a Selic", disse Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac. "A tendência é de que a taxa continue caindo."

Das seis linhas de crédito pesquisadas pela Anefac, a única que permaneceu inalterada foi a do cartão de crédito (10,26% ao mês). A taxa segue no mesmo nível há pelo menos um ano. "Eu posso atribuir essa manutenção da taxa a pouca competição. É um setor extremamente concentrado", afirma Oliveira.

O cartão de crédito tem sido o grande vilão das famílias brasileiras endividadas. Pesquisa divulgada na terça-feira pela Confederação Nacional das Indústria (CNI), em parceria com o Ibope, mostrou que, dos brasileiros endividados, a maioria tem pendência no cartão de crédito (32%). Em seguida, estão dívidas em carnê, caderneta ou fiado direto com a loja (28%).

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviço (Abecs), o Brasil encerrou o primeiro trimestre com quase 179 milhões de cartões de crédito, uma alta de 13% ante o mesmo período de 2011.

"O cartão de crédito tem historicamente o juro mais alto, porque a inadimplência é maior. Há um custo operacional maior nesse segmento", afirmou Alexandre Chaia, professor de Finanças do Insper. Para ele, as taxas do cartão de crédito deverão seguir os outros produtos e também ter uma redução. "A tendência é cair. Eu só não acho que vai cair tanto quanto o governo espera", disse o professor do Insper. Ele ressalta que o segmento de cartão de crédito manteve as taxas inalteradas porque não houve tanta pressão do governo.

A pesquisa da Anefac também apontou que a segunda maior taxa é a do cheque especial (8,24% ao mês). Houve uma queda em relação a abril, mas a taxa ainda é maior do que a verificada em maio do ano passado. .

Troca da dívida. A principal recomendação dos especialistas é que quem está endividado no cartão de crédito ou cheque especial faça a troca da dívida. Ou seja, o cliente pode adquirir um empréstimo no banco com taxas menores para cobrir a dívida do cartão de crédito.