Título: TAM fecha capital na Bovespa e conclui processo de fusão com a LAN
Autor: Gazzoni, Marina
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2012, Economia, p. B17

A holding Latam, que nasce como a maior companhia aérea latino-americana, terá ações negociadas na Bolsa do Chile

Vinte e dois meses após o anúncio da fusão das companhias aéreas TAM e LAN, a holding Latam finalmente saiu do papel. A empresa nasceu oficialmente ontem, após uma operação financeira que culminou com o fechamento do capital da TAM e a transformação das ações da chilena LAN em papéis da Latam Airlines Group. O grupo vai manter as duas marcas, mas terá o caminho aberto para integrar as operações.

As mudanças para o passageiro começam a partir do dia 27. Os passageiros frequentes dos programas de fidelidade de LAN e TAM - o LAN Pass e o TAM Fidelidade - poderão trocar suas milhas por passagens das duas empresas. Eles também terão outros benefícios, como uso de salas vips e embarque preferencial nas duas companhias aéreas.

"É só o início. Até ontem (anteontem), éramos concorrentes. Não podíamos no primeiro dia ter toda a operação integrada. Mas, aos poucos, os passageiros poderão desfrutar de mais vantagens, como uma maior rede de voos principalmente na América Latina", disse Enrique Cueto, CEO da Latam.

Nos próximos meses, os executivos da Latam vão revisar a malha de TAM e LAN para promover ajustes que facilitem as conexões entre os voos das companhias. Eles também vão integrar os programas de fidelidade aos poucos. "O LAN Pass usa quilômetros, o TAM Fidelidade pontos e o mercado usa milhas. Vamos primeiro padronizar isso para depois integrar os dois programas", disse Maria Cláudia Amaro, presidente do conselho de administração da TAM.

A prioridade da Latam nesse período será aproveitar as sinergias da união das operações, que só atingirá todo o seu potencial em quatro anos. No primeiro ano, a expectativa é de ganhos da ordem de US$ 170 milhões a US$ 200 milhões. O potencial de aumento das receitas de passageiros e cargas justifica cerca de 60% das sinergias estimadas. Quase 40% da receita operacional da LAN em 2011 veio da operação de carga, número que não chega a 10% na TAM. A expectativa dos controladores da empresa é que fusão aumentará a operação de cargas no Brasil.

O restante da sinergia virá de cortes de custo. Questionados se a fusão provocará demissões, Maria Cláudia disse que "não" e, Cueto, que "não massivamente". Segundo Maria Cláudia, os cortes não serão necessários porque as duas companhias têm apenas 3% de sobreposição de voos.

O CEO do grupo ressaltou que a maior parte da economia virá do maior poder de negociação com fornecedores e da integração operacional, como sistemas de TI e manutenção. "Haverá uma parte menor que será em pessoal. Mas é praticamente nada", disse Cueto.

Latina. A Latam é o maior grupo latino-americano de aviação, com 51,6 mil funcionários e receita de US$ 13,5 bilhões em 2011. Juntas, LAN e TAM transportam 60 milhões de passageiros e atendem 150 destinos em 22 países. A frota soma 310 aviões.

A união das empresas seguiu a tendência de consolidação no setor aéreo. "A fusão nos coloca em condições de competir com as grandes companhias aéreas do mundo em um regime de céus abertos", disse Maria Cláudia.

A concorrência com as estrangeiras é pesada. A fusão de United Airlines e Continental, por exemplo, criou uma empresa com 700 aviões e que transportou 142 milhões de passageiros no ano. "Não há dúvida que a fusão aumenta a competitividade de LAN e TAM no cenário externo, mas elas ainda não estão entre os grandes players", disse um consultor do setor, que não quis se identificar. O tráfego aéreo na América Latina responde por apenas cerca de 5% do mercado global, segundo dados de abril da Iata, a associação do setor.