Título: IR de ex-assessor de Perillo apresenta irregularidades
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2012, Nacional, p. A6

A Receita Federal encontrou indícios de irregularidades nas declarações de renda apresentadas por Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor especial do governador de Goiás, Marconi Perillo. Exonerado após a Operação Monte Carlo, Fiúza tem sinais de patrimônio descoberto, rendimento menor do que o valor movimentado em sua conta e também guarda, segundo dados remetidos à CPI do Cachoeira, grande quantidade de dinheiro em espécie.

Em 2011, ano em que teria intermediado a venda da casa de Perillo ao contraventor Carlos Cachoeira, Fiúza declarou ter R$ 75,6 mil em dinheiro. Em 2010, ano eleitoral, R$ 185,3 mil. "Chamam a atenção os valores em espécie - moeda nacional - declarados de 2007 a 2011", diz a nota técnica da Receita enviada à CPI. No período, o assessor declarou ter R$ 525,2 mil em espécie.

Sócios. Conforme o Estado revelou no domingo, Fiúza foi sócio de Perillo e da mulher na MP Assessoria Empresarial, criada em 2006 e encerrada em 2007. A empresa rendeu mais de R$ 670 mil de lucro ao tucano. Ao lado do secretário de Planejamento de Goiás, Giuseppe Vecci, Fiúza realizou empréstimos ao governador que justificaram o aumento patrimonial do tucano. Apesar de seus rendimentos não terem passado de R$ 370 mil no último ano, Fiúza emprestou R$ 150 mil a Perillo. Segundo dados da Receita, Fiúza emprestou R$ 325 mil para o governador e seu pai entre 2007 e 2011.

Também fez empréstimos para a mulher do tucano, para uma prima, a dentista Cristiane Perillo, e para a empresa Econ - Consultoria Financeira, do ex-secretário de Segurança Pública de Goiás, José Paulo Felix de Souza Loureiro. Denunciado pelo Ministério Público de Goiás por irregularidades em contratos de locação de carros e de helicópteros, Félix teria ainda emprestado R$ 100 mil e vendido um carro de mais de R$ 80 mil para Fiúza.

Funcionário do Estado de Goiás, o ex-assessor especial de Marconi declarou patrimônio de R$ 1,2 milhão no ano passado, o maior valor desde 2007. Ele informou ser dono de quatro carros e de sete bens, incluindo apartamentos e casas em Goiânia (GO) e no interior do Estado.

O assessor disse não ter saldo em conta. Em 2010, tinha R$ 8,6 mil no Itaú. De 2009 para 2010, dobrou seus gastos com cartão de crédito: de R$ 15 mil para R$ 32,3 mil. Em nota, Perillo afirmou que não falaria de suas sociedades e dos empréstimos obtidos com Fiúza por tratar-se de questão pessoal. O Estado não conseguiu contatar Fiúza nem seus advogados. Convocado pela CPI, ele permaneceu em silêncio. Fiúza também é citado em áudios que tratam da entrega de R$ 500 mil no Palácio das Esmeraldas. Segundo a PF, o pagamento só não ocorreu porque Fiúza não estava no local.