Título: Dólar sobe após declarações de diretor do BC
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2012, Economia, p. B3

Para investidores, BC fez intervenção no "grito" e trabalha com banda informal para o dólar entre R$ 2,0 e R$ 2,1

As declarações feitas pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes, à Agência Estado na tarde de ontem determinaram a trajetória de alta da moeda norte-americana e o dólar fechou o dia com valorização de 1,31%, na máxima de R$ 2,015 no mercado à vista de balcão.

A trajetória é contrária ao comportamento registrado pela moeda americana no exterior, onde a queda no sentimento de aversão ao risco favoreceu ativos como moedas de países emergentes e o euro.

Como desde ontem, a cotação estava se mantendo abaixo de R$ 2,00, os investidores entenderam que o diretor do BC estava "defendendo no grito o piso de R$ 2,00". "O mercado entendeu que a equipe econômica não quer o dólar abaixo desse valor", disse o operador da Corretora Renascença, José Carlos Amado.

Com a intervenção "no grito" de ontem, somada às últimas atuações feitas pelo Banco Central por meio dos leilões de swaps cambiais, boa parte dos analistas ficou com a percepção que a banda informal do dólar é de R$ 2,00 a R$ 2,10. "A sinalização clara foi de que o dólar ao redor de R$ 2,00 é bom para o País e para a indústria. Além disso, é uma cotação que ainda não contaminou os índices de preços e, portanto, parece um patamar confortável", disse o analista de mercados emergentes da Icap do Brasil, Filipe Brandão.

Mas há discordâncias no mercado que podem gerar volatilidade nos próximos pregões. Para o operador da Interbolsa Brasil, Ovídio Pinho Soares, "o medo é que o BC alongue o teto". Ele acredita que o mercado vai testar essa "elasticidade" e vê a possibilidade de isso ocorrer hoje. "O mercado está contaminado e fica a incerteza para quarta-feira, que é feriado nos EUA", afirmou.