Título: Ação do Cruzeiro do Sul dispara em meio a rumores
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2012, Negócios, p. B14

Especulação de que banco possa ser vendido após fim da intervenção do BC faz papéis saltarem 57%

As ações do Cruzeiro do Sul, que está sob intervenção do Banco Central (BC) desde 4 de junho, dispararam ontem. Em meio a rumores de que o banco poderá ser vendido para outra instituição, os papéis preferenciais saltaram 57% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que comanda o Cruzeiro desde a intervenção do BC, informou que a avaliação do rombo ainda não terminou e, por isso, não há nenhuma negociação de venda em curso.

O BC identificou inconsistências contábeis de R$ 1,249 bilhão no Cruzeiro, valor que o impedia de continuar funcionando. Por isso, decidiu colocar o banco sob Regime de Administração Especial Temporária (Raet). Parte do rombo é resultado de fraudes, segundo apurou o Estado.

O objetivo do BC e do FGC é que o Cruzeiro do Sul se mantenha em operação depois que a PricewaterhouseCoopers terminar o trabalho de auditoria nas contas do banco. Como os antigos controladores não podem mais voltar ao negócio, a ideia é vendê-lo no mercado.

O BTG Pactual, de André Esteves, se interessou pelo Cruzeiro antes da intervenção do BC. Mas o negócio não saiu porque não se sabia exatamente o tamanho do problema. O BTG chegou a fazer uma proposta, que foi recusada pelo baixo valor.

Se o buraco tiver um tamanho que permita ao banco manter-se em funcionamento, a expectativa é de que a venda saia. Neste caso, o BTG seria um dos candidatos possíveis. Mas pessoas envolvidas na operação acreditam que outros bancos também possam se interessar.

Um dos obstáculos é justamente o tamanho do rombo. O trabalho da Price deve ser concluído apenas nas próximas semanas. No entanto, a expectativa de técnicos envolvidos no negócio é de que seja superior ao valor inicialmente calculado.

O argumento é o de que o balanço de uma empresa, em geral, não retrata integralmente sua posição. "É esperado que apareçam problemas como a contabilização insuficiente de provisões para ações judiciais", exemplifica um analista. / COLABOROU ALTAMIRO SILVA JÚNIOR