Título: Montadoras pagaram R$ 137 bi em impostos em três anos
Autor: Dantas, Iuri
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2012, Economia, p. B4

Anfavea diz que impacto do setor na economia compensa renúncia fiscal e que maior parte dos lucros ficou no Brasil .Ao mesmo tempo em que receberam benefícios fiscais do governo brasileiro, as montadoras alegam que recolheram nos últimos três anos um total de R$ 137 bilhões em impostos, tanto para os cofres federais, quanto para os estaduais.

"A indústria automobilística é um dos maiores geradores de arrecadação tributária do País", informa a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), principal interlocutora junto ao governo no estudo de medidas de estímulo ao setor.

Em nota encaminhada ao Estado, a entidade diz que as medidas de estímulo lançadas pelo governo "surtiram" efeito, "reduzindo estoques e voltando a dinamizar a produção".

Na avaliação da Anfavea, como a indústria automobilística tem "efeito capilar direta e indiretamente" sobre inúmeros outros setores - como matérias-primas, insumos e autopeças -, a "dinamização do mercado e da produção repercute em parcela considerável da atividade econômica, podendo compensar a renúncia fiscal".

De acordo com a associação, mais de 200 mil empresas no País "têm suas atividades ligadas direta ou indiretamente à indústria automobilística". O setor tem peso de 21% no setor industrial e representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo dados de 2011.

Remessas. Os valores bilionários de remessa de lucros e dividendos para o exterior não representam parcela quantitativa dos ganhos obtidos com a venda de carros no Brasil, porque a maior parte volta a ser investida no País, informou a entidade.

Nos últimos três anos, as montadoras associadas à Anfavea somaram faturamento líquido acumulado de cerca de US$ 240 bilhões.

A remessa de lucros no período significou, de acordo com a entidade, volume correspondente a 5,2% desse valor. O resto do dinheiro ficou no País, "transformado em novos investimentos em produção e produtos, novos impostos, compras de materiais e serviços".

IPI. O corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para estimular a economia neste ano, anunciado no fim de maio pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, visa a reduzir estoques e elevar as vendas de veículos, de acordo com o próprio ministro.

A redução do imposto e o estímulo ao financiamento bancário "estão refletindo favoravelmente no mercado, elevando para mais de 17 mil a média diária de vendas nos primeiros 21 dias de junho e voltando a movimentar a produção, principalmente de automóveis e veículos comerciais leves", diz a Anfavea.

"A expectativa é de que com as medidas adotadas e maior força da economia no segundo semestre, o mercado e a produção possam recuperar-se e apresentar crescimento até o fim do ano, com repercussão positiva no nível de atividade econômica do País", diz a associação. / I.D.