Título: ANP cobra explicação e pode exigir investimentos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2012, Economia, p. B1

Especialista afirma que gestão política da estatal antes de Graça Foster explica os maus resultados atuais

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou à Petrobrás a apresentação de um relatório que detalhe as condições de produção dos 15 maiores campos, dos 39 que a estatal explora na área.

A agência reguladora - responsável por fiscalizar a exploração dos reservatórios pertencentes à União - quer explicações da companhia sobre a queda da produção em alguns poços e excesso de produção de água em outros. Os campos em questão são responsáveis por pagamento de participações especiais, tributo adicional cobrado apenas de grandes campos produtores e distribuído entre Estados, municípios e União.

A ANP pode exigir da Petrobrás ações para recuperar a produção, com mais investimentos. A companhia pode ter, por exemplo, de perfurar novos poços, ou mudar as técnicas de injeção de fluídos e equipamentos.

A Petrobrás reconhece ser "necessário alocar ainda mais recursos para a recuperação da operacionalidade de poços, sistemas submarinos e plataformas", em resposta a questionário enviado pelo Estado. O lançamento oficial do Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos (Proef) será dia 13.

Apesar de ter reduzido as metas de produção para 2020 em 11%, a companhia elevou em US$ 14 bilhões os investimentos em produção e exploração previstos até 2016. Um volume maior de produção de água é comum em campos antigos. No entanto, dentro da Petrobrás há convicção de que, como são grandes reservatórios, mais óleo poderia estar sendo extraído. A equipe responsável pelo estudo dentro da companhia está sob o comando da gerente executiva Solange Guedes.

De acordo com a estatal, os resultados do Proef, implementado para tentar a recuperação da qualidade perdida, só serão plenamente alcançados em cinco anos, com a produção adicional de 150 mil a 200 mil barris diários de óleo. A Petrobrás argumenta que a operação na Bacia de Campos "é uma complexa estrutura de produção de petróleo marítima, já considerada madura, em larga escala e em lâminas d"água rasas e profundas".

"Há um desafio intrínseco na manutenção de elevados índices de eficiência e, consequentemente, da produção de petróleo e gás", diz a estatal no comunicado, que se refere à queda dos patamares de eficiência como "decréscimo de eficiência operacional de sistemas de produção".

Para o economista Edmar de Almeida, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o decréscimo da produção da Petrobrás pode ser resultado da diminuição de investimentos, do declínio da taxa de recuperação de campos maduros e da concessão de licenças ambientais. O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, diz que "a ineficiência aumenta quando a gestão é política", numa referência à gestão de José Sergio Gabrielli. /S. V. e S. T.