Título: CUT assume lado na eleição, mas nega pressionar STF
Autor: Gallo, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2012, Nacional, p. A15

Um dia após o futuro presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, ter afirmado que a central sindical poderia colocar manifestantes nas ruas caso o julgamento do mensalão fosse politizado, o atual presidente, Artur Henrique, afirmou que a CUT levará trabalhadores às ruas durante as eleições para evitar a "volta da direita" ao poder.

"A CUT é uma central sindical independente, autônoma, mas ela tem lado na disputa de projetos políticos da sociedade. A CUT vai às ruas para impedir o retrocesso. Nós não temos vergonha de dizer que esta é uma central que tem lado", disse no Congresso da CUT ontem, em São Paulo. Após a declaração, Henrique citou o pré-candidato do PT em São Paulo, Fernando Haddad, presente no evento, e acrescentou que o instrumento para isso era a plataforma da CUT para as eleições.

O candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, José Serra, rebateu as declarações, ressaltando que "as entidades sindicais têm recursos que são públicos, e não são para fazer campanha eleitoral partidária".

Mensalão. Sobre o mensalão, o futuro presidente da entidade, Vagner Freitas, recuou das declarações. Repetiu que o Supremo Tribunal Federal fará um julgamento técnico. "Não temos dúvida nenhuma de que teremos um julgamento técnico. O Supremo, como órgão competente que é, tem toda a confiança da população para fazer um julgamento dentro do que está nos autos. Era isso o que eu gostaria de ter dito hoje (ontem)."

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-SP), tentou acalmar os ânimos mais acirrados, declarando que mídia, movimentos sociais e partidos fazem pressões "normais" envolvendo o julgamento. Defendeu, porém, o "desarmamento" do processo, afirmando que será melhor para o caso que haja "menos manifestações de ambos os lados". "Todo o nosso esforço deve ser para que o julgamento do mensalão ocorra sem politização. É preciso garantir ampla defesa e que isso ocorra na normalidade, na tranquilidade que têm sido peculiares ao Brasil."