Título: UE dá mais prazo para Espanha reduzir déficit e libera 30 bilhões para bancos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2012, Economia, p. B1

Ministros de Finanças da zona do euro, reunidos em Bruxelas, impõem déficit espanhol até o fim do ano de 6,3% do PIB; antes era de 5,3%

Os ministros das finanças da zona do euro decidiram ontem dar um ano a mais para que a Espanha atinja a meta de redução de déficit. Em troca, o governo terá de promover novas medidas de austeridade.

O governo espanhol terá de encerrar 2012 com um déficit de 6,3% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) - a meta anterior era de 5,3%. Em 2013, o déficit poderá ser de 4,5% ante 3% previsto anteriormente e, somente para 2014, a proposta é que o indicador fiquei em 2,8%.

Ter um déficit de até 3% do PIB é uma das condições impostas para os países integrantes da União Europeia (UE). A proposta de alívio fiscal deverá ser apresentada hoje para os ministros das Finanças do bloco.

Apesar do prazo maior, os ministros da zona do euro exigiram que a Espanha aprove medidas adicionais de controle de gastos ainda este ano. Eles também querem que um plano de redução do déficit seja definido pelo governo até outubro.

Para cumprir as novas metas, o ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, deve anunciar amanhã um pacote de 30 bilhões para os próximos anos. Ele deverá incluir o aumento de impostos e o corte de gastos públicos e de benefícios sociais. Segundo uma fonte do governo, a Espanha espera fazer um corte de 10 bilhões já neste ano.

O governo espanhol não tem conseguido atingir as metas fiscais por causa da grave recessão e dos problemas com os setores imobiliários e bancários.

Empréstimo. Os ministros da zona do euro também decidiram ontem liberar 30 bilhões para a Espanha sanear o sistema bancário. O montante faz parte dos 100 bilhões que foram solicitados pelo governo espanhol em junho. "Alcançamos um entendimento político sobre as condições dos empréstimos", disse o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker.

O acordo, segundo Juncker, permitirá ao governo "um primeiro desembolso de 30 bilhões até o fim deste mês para o caso de necessidades urgentes do setor financeiro espanhol."

A autorização para o empréstimo deverá ser concedida em 20 de julho. Os vencimentos dos empréstimos serão de até 15 anos, com média de 12,5 anos.

Pressão. O mercado já dá claros sinais de desconfiança com relação ao desempenho econômico do país. Ontem, títulos do Tesouro espanhol com vencimento de dez anos atingiram uma taxa de juros de 7% - o patamar é considerado insustentável pelo mercado e indica que o país pode estar próximo de um resgate financeiro.

A conclusão dos ministros europeus é que a crise atual do continente tem mais força para causar estragos do que a quebra do banco Lehman Brothers, em 2008, nos Estados Unidos. "A crise da zona do euro é muito mais profunda do que a do Lehman", disse Peter Praet, integrante da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE). / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS