Título: As cadernetas asseguram mais crédito imobiliário
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2012, Economia, p. B2

Os depósitos em caderneta de poupança foram de R$ 5,1 bilhões, em termos líquidos, em junho, os maiores para o mês em dez anos, e de R$ 14,8 bilhões, no primeiro semestre, segundo o Banco Central. A captação positiva, que inclui a poupança rural do Banco do Brasil, assegura que os bancos possam financiar toda a demanda de crédito imobiliário das construtoras e dos mutuários.

Confirma-se também que a caderneta não perdeu aplicadores com a mudança das regras em maio. No último bimestre, a entrada líquida de recursos foi de R$ 11,4 bilhões, embora os depósitos feitos após 3 de maio tenham menor rentabilidade. Com a Selic vigente, de 8,5% ao ano, as cadernetas rendem 0,48% ao mês.

Especialistas acreditam que os aplicadores comparem a rentabilidade da poupança com a de fundos de investimento para carteiras de pequeno valor, constatando que a remuneração das cadernetas continua competitiva. Seria o ideal, mas é improvável que isso ocorra em grande escala.

Ainda que alguns fundos tenham perdido aplicações, cabe indagar se os pequenos aplicadores dispõem de alternativas às cadernetas. Em geral, eles não têm alternativas.

Para ter acesso a fundos que oferecem melhor rentabilidade seria preciso dispor de mais recursos. Entretanto, mais de 70% dos aplicadores em cadernetas têm saldo de, no máximo, R$ 1.000 e 85%, de até R$ 5.000. Ao reformar as cadernetas, o governo não cogitou de remunerar melhor a massa de pequenos aplicadores.

Em junho, segundo o Banco Central, os depósitos nas cadernetas de poupança somaram R$ 98,8 bilhões e os saques, R$ 93,7 bilhões. O montante vultoso se explica porque muitos aplicadores usam as cadernetas como se fossem uma conta corrente; mesmo assim, os saques dão uma ideia do volume de recursos que já não obtêm a renda de 0,5% ao mês.

O saldo positivo das cadernetas mostra também que muitas famílias parecem antecipar-se a dificuldades futuras, ainda que até agora não tenham sido atingidas pela crise.

As contas de poupança são a principal fonte de recursos dos empréstimos imobiliários, que cresceram apenas 1,4% entre os primeiros cinco meses de 2011 e 2012, com recuo de 9% do número de unidades financiadas no segmento de classe média, que não inclui as operações subsidiadas da Caixa Econômica Federal.

Devido ao baixo custo de captação, as cadernetas favorecerão algum recuo no custo do crédito imobiliário, no qual já se nota maior concorrência, o que é favorável aos tomadores.