Título: Metalúrgicos aproveitam PDV para encerrar a carreira
Autor: Gerbelli, Luiz, Gulherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2012, Economia, p. B3

Encerrado na semana passada, o Programa de Demissão Voluntária (PDV) da fábrica da General Motors em São Caetano do Sul, no ABC paulista, teve adesão de 152 funcionários. Quase todos são trabalhadores aposentados ou que estão se aposentando agora. Foram eles que forçaram o Sindicato dos Metalúrgicos local a negociar com a GM a abertura do programa. O anterior tinha sido realizado faz quatro anos, e boa parte dos aposentados queriam pendurar a chuteira com alguma vantagem salarial.

É o caso do montador tapeceiro Admir Alves Luiz, de 52 anos - 22 deles na fábrica de São Caetano -, que embolsou oito salários e meio de uma só vez, além do dinheiro do saldo da sua conta no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da multa de 40% sobre o valor depositado no fundo pela montadora.

"Não penso em voltar a trabalhar, só se a situação apertar futuramente", diz o aposentado, que adquiriu a casa própria faz quatro anos com o dinheiro que tinha no FGTS. No segundo casamento, pai de duas meninas (uma de 10 e outra de 6 anos), Luiz diz que agora só quer descansar e curtir os filhos.

Pelo acordo negociado com o sindicato, a GM se comprometeu a fazer contratações para os postos dos funcionários que aderiram ao programa de demissões. De acordo com Aparecido Inácio da Silva, presidente do sindicato, esse programa não tem relação com o PDV da fábrica de São José dos Campos, no interior de São Paulo, que foi aberto para compensar a queda da produção causada pela diminuição das vendas.

No Rio de Janeiro, a aposentada Clea Duarte, de 59 anos, resolveu vender a clínica de estética que manteve por 14 anos e parar de vez de trabalhar. "Descobri que eu podia viver melhor com um pouco menos que o trabalho me proporcionava", diz Clea.

Ela conta que o marido, Luiz Duarte, de 56 anos, também aposentado, tem um depósito de bebidas e material de higiene pessoal e limpeza doméstica, e continua na ativa. "Estou literalmente à toa, naquele descanso sem culpa de quem cumpriu suas obrigações."

Crédito estudantil. A estudante Adrielle de Souza Miorin, de 21 anos, que está cursando o sétimo semestre de engenharia de produção na Universidade Mackenzie, em São Paulo, nunca trabalhou e ainda vive com a ajuda paterna.

O negócio dos pais da estudante - um comércio de metais não ferrosos - não vai bem no momento. Por isso, Adrielle recorreu a um crédito universitário privado para ajudar a custear dos estudos. Com ele, pôde parcelar as mensalidades da faculdade para pagar em até o dobro do tempo do curso. / M.R.