Título: Ficou mais difícil cumprir a meta do resultado fiscal
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2012, Economia, p. B1

Para economista, arrecadação teria de crescer 6,5% até o fim do ano, mas de janeiro a maio a alta foi de 5,7%.

Cálculos do economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, mostram que este ano está mais difícil para o governo cumprir a meta de resultado fiscal. Ele comparou o desempenho das contas públicas de janeiro a maio na última década com o resultado efetivamente obtido no ano. "Está mais difícil, ma non troppo", comentou. "Eu ainda acredito que será possível cumprir a meta." Salto se refere ao resultado primário de R$ 139,8 bilhões, equivalentes a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), a ser alcançado este ano por União, Estados e municípios. Ele acha que, a despeito da queda na previsão de crescimento e do risco de as receitas ficarem abaixo do previsto, o governo conseguirá atingir seu objetivo.

O economista-chefe da corretora Convenção Tullett Prebon, Fernando Montero, projeta um resultado primário de 2,5% do PIB. "Mas não é prudente descartar o cumprimento da meta", disse. Sempre existe a hipótese de surgirem novas receitas que ajudam a fechar as contas, como ocorreu nos últimos anos.

Pelo levantamento feito por Salto, o resultado primário acumulado de janeiro a maio está em 3,6% do PIB, o que indica uma "folga" de 0,5 ponto em relação à meta de 3,1% do PIB. Parece fácil, mas em 2011 o resultado até maio estava em 3,9% e o resultado ao final do ano foi de 3,1% do PIB. Ou seja, havia um excesso de 0,8 ponto em maio que foi consumido até dezembro.

Em outro exercício, Montero estimou qual terá de ser o crescimento das receitas federais de junho a dezembro para que a meta de 3,1% do PIB seja cumprida. Levando em conta a projeção do governo, de que as despesas teriam uma expansão de 7,3% no período, as receitas teriam de subir 6,5% para a meta ser alcançada. De janeiro a maio, porém, a arrecadação cresceu menos do que isso: 5,7%.

Se as despesas tiverem alta maior, de 8,5% acima da inflação como prevê a consultoria, então as receitas precisariam aumentar 7,6%. Se, além disso, os Estados e municípios mantiverem o atual ritmo e fecharem suas contas com um superávit de 0,78% do PIB, o crescimento das receitas teria de ser de 9%. /L.A.O.